Como limpar o nome

Estamos em uma fase da nossa série sobre educação financeira em que o foco é ajudar você a resolver os problemas que surgem quando o dinheiro fica curto. Já falamos da necessidade de ter um consumo consciente e de como calcular e saber de maneira clara qual é o tamanho da sua dívida. Hoje, seguimos com o mesmo assunto, porém, nosso objetivo é mostrar os caminhos de como limpar o nome para você voltar a ter controle sobre suas finanças.

Porque sim, é possível sair de uma situação de superendividamento. A questão é se você está disposto a fazer alguns sacrifícios para resolver esse problema e retomar a tranquilidade financeira e emocional. Para ajudá-lo nesse processo, reunimos aqui neste texto algumas dicas de como limpar o nome e sair das dívidas.

Você vai perceber que algumas delas já até falamos em outros artigos do blog, mas quando a orientação é boa, não custa repetir, não é mesmo? Então, siga com a gente e tenha calma! Para tudo existe uma solução.

Como deixar suas dívidas para trás

Limpar o nome e deixar as dívidas para trás são duas coisas diferentes, por mais que não pareçam. Primeiro, vamos tratar de como trabalhar para deixar uma vida de boletos e cobranças para trás, que está mais relacionado ao comportamento no dia a dia. Depois, trataremos de como limpar o nome, que é algo mais prático e demanda recursos.

Listamos aqui algumas atitudes que você deve seguir para sair de uma situação de superendividamento. Só queremos deixar claro que isso não acontece da noite para o dia. Como já vimos aqui n’O Economista, precisamos de dinheiro quase que diariamente para vivermos, então não dá para cortar tudo de uma vez.

Tudo é um processo que precisa evoluir para você chegar ao ponto de conseguir os recursos que vão tirá-lo da inadimplência. Então, vamos aos primeiros passos:

1 – Tomar consciência da situação

Como diriam os mais antigos: não dá para tapar o sol com a peneira. Fingir que a dívida não existe não vai fazer ela sumir, infelizmente (rsrs). Tomar a consciência de que você se encontra em uma condição de endividamento excessivo e de que é preciso resolver essa situação é o primeiro passo para sair do endividamento. Neste momento, é preciso ficar inconformado com a situação incômoda das dívidas e sentir a clara necessidade de buscar uma saída.

2 – Mapear as dívidas

Após tomar consciência do endividamento e de ter a certeza de que quer sair dessa situação, é importante conhecer o real tamanho do problema. Isso significa saber em detalhes as informações mais importantes: os valores das dívidas, os prazos para pagamento, as taxas de juros, entre outros. Temos um texto completo somente sobre como calcular o tamanho de uma dívida aqui no blog. Com tudo em mãos, fica mais fácil buscar alternativas para sair do endividamento.

3 – Não fazer novas dívidas

Parece que estamos sendo repetitivos? Sim, estamos e é de propósito mesmo. Vamos dizer que você começou o seu “detox financeiro”, para usarmos uma palavra da moda, e por estar se comportando bem acha que tem direito de fazer uma nova dívida. Não tem! Antes de resolver seu problema de endividamento excessivo, seu gastos devem estar focados no que é necessário e só. Esse é o momento de reorganização da vida financeira e fazer dívidas agora é realimentar um ciclo negativo, dificultando a saída do endividamento.

4 – Reduzir gastos

Não basta não fazer novas dívidas, é preciso, nesse período, buscar formas de cortar gastos – no texto sobre consumo consciente, mostramos alguns princípios que podem ajudar a fazer isso. Sobre o assunto, vale a pena refletir sobre os três tipos de gastos:

  • Necessários: são os gastos considerados imprescindíveis. Estão ligados às necessidades, como alimentação, moradia e vestuário.
  • Supérfluos: são os gastos que geram bem-estar e estão ligados mais aos desejos do que às necessidades, como restaurantes, TV a cabo e roupas de marca.
  • Desperdícios: são os gastos que não geram bem-estar nem estão ligados às necessidades ou aos desejos, como multas, pagar por algo que não vai usar, esquecer a luz acesa ou a torneira aberta.

Uma vez definidas com clareza, as despesas que se encaixam em cada uma dessas áreas, chega o momento de decidir o que fazer. Uma boa forma de pensar é a seguinte:

Eu devo eliminar por completo os desperdícios + reduzir ou eliminar os supérfluos + otimizar o dinheiro que eu gasto com o que é necessário. O resultado final será muito mais equilibrado e, muito provavelmente sobrará dinheiro. É aqui que você começa a juntar o dinheiro para pagar suas dívidas.

5 – Gerar renda extra

Se somente reajustando e reduzindo os gastos não for o suficiente para ter os recursos para quitar suas dívidas, é preciso avaliar uma alternativa de ampliar a renda. Procure identificar áreas de serviços em que você tenha habilidades para gerar dinheiro extra e complementar o seu orçamento. Além disso, muitas outras opções podem proporcionar uma boa renda extra: colocar em prática dons artísticos ou culinários, fazer horas extras ou até conseguir uma segunda ocupação. Tudo isso pode ser uma alternativa para sair do endividamento e, quem sabe, até se tornar uma nova opção de vida.

Como limpar o nome

Bom, agora que você tomou consciência das suas dívidas e trabalhou para recolocar as finanças nos trilhos, inclusive fazendo sobrar dinheiro, está na hora de acertar as contas com os credores. Para ajudá-lo nesse processo, fizemos um passo a passo de como limpar o nome e voltar a ter crédito no mercado. Confira:

1º passo – Caso você tenha perdido os boletos ou as cartas de cobrança, vá atrás para descobrir quais lojas ou instituições colocaram seu nome na lista de maus pagadores. O SPC, a Serasa e os cartórios de protesto devem fornecer essa informação de graça.

2º passo – Ciente dos seus credores, entre em contato com eles ou com os responsáveis pela cobrança das dívidas (há muitas empresas que terceirizam sua cobrança) e faça uma negociação. Normalmente, dá para optar por pagar à vista ou parcelado. Se você tiver o dinheiro necessário, escolha sempre pagar o valor integral. Na negociação, você também pode tentar uma redução dos juros e das multas, uma vez que está tentando resolver a questão.

3º passo – Não se esqueça de guardar todos os comprovantes da negociação e dos pagamentos, especialmente se estiver tratando com empresas de cobrança. Se for uma dívida muito grande, o ideal é fazer uma espécie de contrato para firmar a renegociação, assim todo mundo tem a garantia do que está sendo acordado. Pode parecer exagero, mas infelizmente há muitas pessoas que se aproveitam de um momento de fragilidade de outras para ganharem dinheiro fácil. Então, toda precaução é importante.

4º passo – Para quem teve a dívida protestada ou ficou com o nome sujo por conta de cheque devolvido, precisa procurar o cartório ou o banco para apresentar a negociação ou o pagamento da dívida a fim de limpar o nome. Nestes casos, as instituições podem cobrar uma taxa.

5º passo – Já os nomes que foram para no SPC ou na Serasa por conta de uma dívida não paga devem ser retirados em até 5 dias úteis após o pagamento da dívida, seja ela integral, seja a primeira parcela de uma renegociação.

Entendemos que permanecer em uma situação de dívidas é muito problemático, por isso insistimos em mostrar caminhos para que você possa deixar isso para trás. Esperamos que o artigo de hoje tenha bastante utilidade, se esse for o seu caso. E se não for, melhor ainda, pois ele já dá algumas orientações sobre o que vem pela frente aqui no blog.

Sabe aquela parte em que mostramos como reduzir gastos? Ela vai ser bastante útil quando falarmos em investimentos, casa própria, previdência privada, aposentadoria, enfim, quando falarmos sobre o futuro. Siga acompanhando a nossa série sobre educação financeira e, se tiver alguma sugestão de tema, é só deixar ali nos comentários.

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