Um ano após o início da crise, Brasil sinaliza recuperação na economia
No debate promovido pelo Corecon-Pr, economistas analisaram os efeitos da crise na economia Paranaense e Brasileira. Para eles, os setores de serviços e financeiro colhem em 2009, resultados melhores que no ano anterior.
O Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-Pr) promoveu debate econômico na última terça-feira, dia 15 de setembro, data em que exatamente há um ano o mundo viu a quebra do banco americano de investimentos Lehman Brothers, episódio que deu início a fase mais aguda da crise econômica internacional. Economistas paranaenses apontaram os efeitos da crise na economia paranaense e brasileira, sendo unânimes em afirmar que as ações rápidas do governo em adotar medidas para atenuar a crise foram essenciais para enfrentar a recessão.
Participaram do debate, os economistas e conselheiros do Corecon-Pr, Carlos Magno Bittencourt, diretor do curso de Ciências Econômicas da PUC-Pr, Jackson Bittencourt, coordenador do Curso de Economia da Universidade Positivo e Nivaldo Camilo, Coordenador do Curso de Economia da Fesp. O evento também contou com a participação do economista filiado ao Corecon-Pr e supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Cid Cordeiro.
Na avaliação do economista Cid Cordeiro, a crise atingiu todos os setores da economia, porém, foram as indústrias que sentiram os efeitos com maior intensidade, já que são as que mais contam com recursos de financiamentos para garantir a operação. Nesse período, elas sofreram com a escassez de recursos e com os altos juros para o financiamento.
Os setores têxtil e calçadista brasileiros foram apontados pelo economista Carlos Magno como um dos que foram mais afetados pela crise e os que terão mais dificuldade para a retomada do crescimento, pois são produtos que concorrem com o mercado chinês. Enquanto Cid Cordeiro disse que todos os setores foram atingidos, mas com mais intensidade na indústria automotiva, metalmecânica, eletroeletrônica, de madeira e mobiliário, papel e papelão, segmentos que dependem mais de financiamentos e produzem bens de valores maiores.
O economista Jackson Bittencourt revelou que o setor de serviços apresentou o maior crescimento, enquanto a indústria, que foi uma das que sentiu mais os efeitos da crise, deve acelerar o ritmo de crescimento no terceiro trimestre, aquecida pela demanda do final do ano. Ele ainda revelou que o setor de finanças registrou um crescimento expressivo, especialmente os bancos, seguradoras e bolsas de valores. “No setor financeiro, a crise não está mais presente”.
A intervenção dos Bancos Centrais em todo o mundo injetando recursos na economia foi um ponto fundamental para amenizar os efeitos da crise, segundo o economista Nivaldo Camilo. Porém, ele alerta que o excesso de moedas no mercado pode provocar o retorno da crise de preços e o processo inflacionário.
As alterações na política monetária, como a queda nos juros em patamar abaixo de dois dígitos, a redução do Imposto de Renda, a ampliação dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a criação do Programa Minha Casa, Minha Vida, voltada para o financiamento imobiliário, foram medidas importantes que ajudaram a atenuar a crise, segundo Cordeiro. A redução (IPI) para carros, eletroeletrônicos e material de construção, foram eficientes para conter a crise e garantiram a boa recuperação desses setores ainda no primeiro semestre de 2009
Cordeiro destacou que no Paraná a crise custou cerca de 80 mil empregos. Os efeitos foram percebidos nos ativos financeiros, na restrição e aumento do custo do crédito, na produção industrial, no consumo e no emprego.
De acordo com Cid Cordeiro, ao contrário do que se diz, os indicadores do governo do Estado do Paraná apontam que não haverá déficit em suas contas neste ano, mas sim registrar superávit fiscal de 1,4 bilhões, somente R$ 100 milhões inferior ao ano de 2008. A receita deve ser de R$ 15,6 bilhões, ou seja, R$ 300 milhões a menos do que o ano anterior.
Jackson Bittencourt expôs as previsões do FMI, que sinalizam o ano de 2010 como o da recuperação e que, somente em 2011 o crescimento irá apresentar sinais significativos. Para Cordeiro, o Brasil está retomando um ciclo de crescimento econômico, que deve retornar em 2010. Ele ainda destacou que o Pré-Sal vem para resolver dois gargalos, o energético e o de pagamentos do País.
O economista e presidente do Corecon-Pr, Luiz Antonio Rubin, encerrou o debate, que teve como tema “O Cenário Atual e as Projeções de Crescimento nos Diversos Setores da Economia”, ressaltando a importância de reunir economistas e a imprensa para discutir os temas econômicos de grande importância para a sociedade. Ele aproveitou o momento para anunciar o próximo evento, que será realizado em novembro, tendo como foco a economia do final de ano e projeções para 2010.
Fonte: Ines Dumas – Evidência Comunicação Integrada
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