O Sensor Econômico, indicador de expectativas do setor produtivo aferido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em todo o território nacional, registrou, em sua quinta edição, 7,79 pontos. O resultado significa que 115 entidades ligadas à industria, agropecuária, a serviços, ao comércio e aos trabalhadores – representantes de 80% do PIB nacional – continuam apreensivas, mas avaliam que podem superar o medo e tornarem-se confiantes nos próximos meses.

O indicador varia de -100 a 100. Desde o início da série, em janeiro, esta foi a primeira vez que o Sensor Econômico mostrou indícios de saída do limite da apreensão rumo a um resultado mais confiante em relação à economia brasileira nos próximos meses. O setor industrial, que se manteve adverso em relação ao futuro, agora apresenta a expectativa de uma margem de lucro apreensiva, de -16,2 pontos.

Resultado semelhante foi apresentado pelo representante da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra) Diones Cerqueira, que participou da mesa-redonda “Perspectivas da Economia Brasileira para 2009 e 2010” realizada pelo Ipea durante o lançamento do Sensor nesta terça-feira, dia 16, em Brasília. “Ainda é cedo para afirmar que a indústria está em recuperação”, afirmou Cerqueira, “mas há perspectiva de melhora em relação à demanda”.

Segundo o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, a expectativa do setor industrial revela a ligação da indústria brasileira à cadeia global de produção. “Antes da crise já havia maior remessa de lucro para as matrizes. Isso revela o quanto esse setor é vinculado às transnacionais”, explicou Pochmann ao justificar que a expectativa positiva do setor de comércio e serviço tem relação maior com o mercado interno.

Esperança
Caso a tendência do Sensor se mantenha, a projeção é de que em outubro o setor produtivo reflita um quadro de “confiança” no desempenho da economia – ou seja, o índice seria igual ou superior aos 20 pontos positivos. “Isso significaria uma volta ao patamar observado no começo de 2008”, afirmou Pochmann.

O Sensor revela que os setores agropecuário e de serviços (primário e terciário, respectivamente) não manifestaram o mesmo nível de preocupação presente na indústria. Segundo Pochmann, o que se observa agora é uma “recessão industrial”. O setor secundário é responsável por 30,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e 22% da ocupação, de acordo com o IBGE. “Então, o que vemos é que um terço do Brasil está em recessão e quatro quintos dos ocupados não estão em recessão”, acrescentou o presidente do Ipea.

“Pelo resultado desse Sensor, observamos que a crise não reverteu fortemente a expectativa dos empresários”, disse Ricardo Amorim, assessor técnico da Presidência do Ipea. Ele ressaltou, porém, que isso ainda não significa um cenário de confiança, mas de temor menor em relação ao desempenho da economia.

Além de Pochmann, Amorim e Cerqueira, também participou da mesa-redonda no auditório do Ipea (SBS, 16º andar do Edifício BNDES) a assessora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Rosane de Almeida.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA

    Leia Também

  • Educação financeira

    Economizando em Tempos de Crise: Dicas Práticas para Gerenciar suas Finanças

  • Cinco atividades de lazer que movimentam a economia das grandes cidades

  • Afinal, qual é o melhor curso Ancord?

Comentários

Aprenda a organizar suas finanças, entenda mais de economia para fazer seu dinheiro render e conheça investimentos para incrementar sua renda