O primeiro semestre deste ano não foi bom para o setor eletroeletrônico. Em balanço divulgado, ontem (24), em São Paulo, pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), foi constatada uma queda de 13% no faturamento do período, em comparação ao primeiro semestre do ano passado.

Segundo o presidente da Abinee, Humberto Barbato, há expectativa de razoável melhora para o setor no segundo semestre deste ano. “A gente ainda espera que possamos ter uma reversão do quadro, nesse segundo semestre, de forma que possamos ter uma queda de cerca de 2% ou 3%”, afirmou.

De acordo com a Abinee, o pior momento da crise econômica atingiu o setor nos primeiros meses deste ano, quando as vendas se retraíram, os estoques estavam elevados e havia muita instabilidade nos pedidos em carteira em decorrência de cancelamentos e reprogramações.

Houve queda no faturamento em todas as áreas do setor eletroeletrônico. A maior queda foi registrada em materiais de instalação (-29%) e em componentes (-20%) e equipamentos industriais (-20%). As menores quedas ocorreram no setor de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica (-3%) e informática (-7%).

O desempenho do setor também não foi bom nas importações e exportações. Nas exportações, a queda no primeiro semestre, em comparação ao mesmo período do ano passado, foi de 28%. Nas importações, a queda foi de 30%. Com isso, a balança comercial registrou um deficit de US$ 7 bilhões, o que representou uma queda de 30% em comparação ao ano passado.

Para Barbato, as exportações foram prejudicadas por causa da sobrevalorização do câmbio, o que estaria tirando a competitividade do setor. Segundo ele, se o Banco Central não interferir no câmbio, uma nova crise pode ocorrer na balança de pagamentos.

“Com commodities não dá para pagar tudo o que necessitamos importar de produtos eletroeletrônicos. Isso é um problema seríssimo. Do jeito que as coisas vão com a taxa de câmbio, estamos partindo para uma desindustrialização”, disse.

Também foi registrada queda no número de empregos no setor. Segundo a Abinee, no início do ano, houve 7 mil demissões, sendo que 5,5 mil deste total ocorreram no primeiro trimestre de 2009.

“Esperamos e torcemos para que a gente já tenha chegado no fundo do poço no que tange ao número de demissões. As demissões foram muito acentuadas no mês de março e, de lá para cá, felizmente não ocorreram novas demissões. Acredito que, na situação em que está a crise, nós não deveremos ter admissões e também não deveremos ter novas demissões”, afirmou Barbato.

Segundo ele, as demissões foram maiores em áreas vinculadas a bens de consumo duráveis.

Além do câmbio, outro assunto que está preocupando o setor é o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de máquinas e equipamentos de informática. A redução – prevista na Lei 11.196 de 2005, a chamada Lei do Bem – deixa de vigorar em dezembro deste ano.

“Acho que o governo só não tinha certeza do resultado [quando criou a lei], que foi excelente. Mediante os resultados que se apresentaram, ele [o governo] tem mais é que renovar”, afirmou o vice-presidente da Abinee, Antonio Hugo Valério Júnior.

Elaine Patricia Cruz – Agência Brasil

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