Com um crescimento de 2,4% no ano passado em relação a 2008, superior ao aumento de 0,89% em nível mundial, o setor de software – programas de computador – e serviços no Brasil se prepara para retomar, a partir deste ano, o ritmo de expansão anterior, em torno de 20% ao ano. A afirmação foi feita pelo presidente da Associação Brasileira de Empresas de Software (Abes), Gerson Schmitt. A entidade representa 840 companhias.

“A curva de crescimento do setor é muito forte”. Schmitt esclareceu  que a adoção de tecnologia cresce como fator de competitividade empresarial e de qualidade de gestão na área pública. “Ela tem crescido a um ritmo de 20% ao ano, para mais. Então, nós acreditamos que deste ano [2010] em diante, o patamar típico do mercado retorna”. A recuperação cambial contribui para isso, disse o presidente da Abes.

Gerson Schmitt assegurou que a demanda está aquecida no país para softwares. Com um faturamento de US$ 15,3 bilhões em 2009, o setor no país constitui atualmente o 12º maior mercado interno do mundo. Ele considerou que o crescimento poderia ser ainda mais acelerado.

Na França e na Alemanha, por exemplo, o mercado interno de software e serviços representa de US$ 40 bilhões a US$ 60 bilhões. Fatores como a área de cobertura, população e o Produto Interno Bruto (PIB) são variáveis macroeconômicas suficientes para que o Brasil atinja esse objetivo, avaliou Schmitt. “O Brasil tem condições de estar entre os cinco ou seis primeiros em termos de mercado de TI (tecnologia da informação)”.

Para isso, entretanto, terão de ser superados alguns obstáculos. Além da carga tributária, o presidente da Abes citou o gargalo de formação profissional na área, que supera atualmente 50 mil profissionais, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Outra questão é o papel do Estado no setor, disse Schmitt. Embora seja o maior consumidor de tecnologia, com 38% do mercado nacional, o governo não é  o maior comprador, “porque faz muita autoprodução e acaba concorrendo com oportunidades com a área privada”. Em vez disso, o governo poderia ser parceiro do setor privado em cases (programa utilizado em uma ou em todas as fases de desenvolvimento de um sistema de informação) para exportação, gerando divisas para o país, sugeriu.

O custo de produção de software no Brasil é mais caro do que em países concorrentes, como a Índia e o Vietnã, segundo a Abes, devido à valorização do real frente ao dólar e à elevada carga tributária. Além de pagar mais pela mão de obra especializada em relação aos países asiáticos, a agregação dos encargos sociais, o fortalecimento da moeda interna e outros custos, como a carga tributária,  fazem o produto brasileiro perder competitividade.

O mercado nacional é formado por 94% de micro e pequenas empresas. O ranking por usuários no mercado interno mostra que os setores da indústria de transformação e financeiro correspondem a quase 50% dos compradores de software e serviços no Brasil. O governo aparece em 5º lugar na pesquisa da Abes.

Os maiores crescimentos entre os compradores em 2009, em relação ao ano anterior, foram observados nos setores de agroindústria (11,7%) e financeiro (8,6%). O comércio, ao contrário, apresentou a maior queda na compra de produtos e serviços de TI (-14%).

Alana Gandra / Agência Brasil
Edição: Graça Adjuto

    Leia Também

  • Educação financeira

    Economizando em Tempos de Crise: Dicas Práticas para Gerenciar suas Finanças

  • Cinco atividades de lazer que movimentam a economia das grandes cidades

  • Afinal, qual é o melhor curso Ancord?

Comentários

Aprenda a organizar suas finanças, entenda mais de economia para fazer seu dinheiro render e conheça investimentos para incrementar sua renda