A crise no sistema financeiro internacional já começa a refletir no setor automotivo, com anúncios de férias coletivas e redução no número de veículos produzidos. E, na opinião do analista da Tendências Consultoria, Alexandre Andrade, a crise pode resultar em demissões nas montadoras.

“As empresas tiveram que contratar mais para atender a demanda de 2007, 2008. Como a economia desaquece, é natural que os empregados que foram contratados para turnos extras sejam dispensados”, explicou.

A Volkswagen, por exemplo, anunciou hoje (28) que concederá férias coletivas no final do ano para uma adequação de processos. De acordo com comunicado oficial da empresa, 900 empregados entrarão em férias na unidade de São José dos Pinhais (PR), de 10 a 20 de novembro. Mas, de acordo com a assessoria de comunicação da Volkswagen, a meta de produção de 750 mil veículos será mantida.

Já na General Motors, está prevista uma redução de 10 mil veículos produzidos devido às oscilações do câmbio e à redução das exportações. Nas unidades de São Caetano do Sul e São José dos Campos, ambas em São Paulo, os funcionários também terão férias coletivas decretadas pela empresa.

O analista acredita que a crise financeira afetará o setor pela restrição do crédito, que passa a ficar cada vez mais seletivo. Mesmo assim, ele não prevê grandes perdas. “O mercado não vai crescer tanto como estava crescendo, mas também não vai retrair”, disse Andrade.

As férias coletivas anunciadas por estas duas montadoras não preocupam, por hora, os presidentes dos Sindicatos dos Metalúrgicos de São Paulo e do ABC. “O mercado interno brasileiro é grande e todas as empresas anunciaram que vão manter as metas de produção. Estas férias já estavam previstas e os trabalhadores não têm o que temer”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre.

Já para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, “o que existem são muitos boatos”. “Na nossa área, não temos nenhum comunicado oficial sobre férias coletivas. Quanto mais as pessoas acreditam na crise, pior ela fica. Se acreditarem menos e continuarem produzindo, os reflexos serão menores.”

Agência Brasil / Ivy Farias

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