Sem unanimidade, Copom reduz Selic pela décima vez
Mesmo com o recente aumento da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu 0,25% a taxa básica de juros, Selic. Agora ela passa a operar em 7,25% ao ano. É a décima vez que o Copom reduz a taxa de juros, desde agosto do ano passado, quando a taxa estava em 12,50% ao ano. Desde então, a Selic perdeu 5,25 pontos – queda de quase 42%. É o menor nível histórico.
Em nota, o Copom explicou a decisão: “Considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional”, entende que “a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear”.
Mas dessa vez, diferente do que ocorria desde março deste ano, a decisão não foi unânime. Três membros do conselho entenderam que os cortes feitos até agora já eram suficientes para auxiliar na recuperação da economia, e que mais reduções afetariam a inflação. Os outros cinco integrantes conseguiram fazer valer a ideia de que a crise internacional poderia trazer ainda mais efeitos para o país e o Brasil ainda não está reagindo aos estímulos dados até agora.
De acordo com a jornalista Miriam Leitão, em comentário ao Bom Dia Brasil, da Rede Globo, o governo precisa buscar outras saídas para recuperar a economia nacional: “O grande instrumento é o aumento do investimento. O governo, apesar de tudo o que se esforçou esse ano, não conseguiu investir nem o que estava estabelecido no orçamento”, disse.
Para o economista Paulo Sandroni, a redução da Selic é uma medida de “pouco fôlego” porque não chega ao consumidor final. Ele concorda com a tese de que o que está faltando para o crescimento do país é o investimento: “A única forma de garantir um crescimento é através de um investimento que encontra do outro lado o consumo”, defende.
A nova taxa entra em vigor a partir desta quinta-feira, 11, com validade até a próxima reunião do Copom, em 28 de novembro.
O Economista publica uma entrevista com o economista Paulo Sandroni na próxima semana. Ele irá abordar essas e outras questões. Acompanhe.
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