Sem financiamento, ONU pode suspender ajuda alimentar à Síria em dois meses
O Programa Alimentar Mundial (PAM), a filial de auxílio alimentar da Organização das Nações Unidas (ONU), vai ter de suspender a distribuição de alimentos aos sírios “daqui a dois meses” se não encontrar financiamentos suplementares, alertou hoje (30) a diretora de Operações Humanitárias da ONU, Valerie Amos. O alerta surge no mesmo dia da divulgação de um relatório do PAM e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) que estima em 6,3 milhões o número de pessoas que precisam urgentemente de ajuda alimentar na Síria, o que corresponde a 50% a mais do que em junho de 2013.
“Sem fundos adicionais, o PAM vai ter de encerrar todas as suas operações daqui a dois meses”, disse Valerie, ao descrever a situação humanitária na Síria perante o Conselho de Segurança da ONU. Segundo a responsável, o PAM já teve de reduzir as rações distribuídas “para continuar a socorrer o máximo de pessoas possível”. “O inverno aproxima-se e abastecimentos importantes precisam ser encaminhados para proteger a população do frio. Os países vizinhos também precisam de apoio urgente para continuar a receber milhões de refugiados”.
O PAM anunciou em meados de setembro que tinha de reduzir a ração alimentar dada a cada sírio e o número de refugiados sírios nos países vizinhos que recebiam ajuda por falta de fundos, afirmando necessitar de US$ 352 milhões até ao final do ano. Segundo o documento, 60% dos cerca de 23 milhões de sírios estão em situação de pobreza, o dobro do registado em 2010, e 30% deles em situação de pobreza extrema.
Nas regiões controladas pelos jihadistas da organização extremista Estado Islâmico – Raqa (Norte) e Deir Ezzor (Leste) -, 600 mil pessoas estão há três meses sem receber ajuda alimentar “devido à violência e à presença de grupos armados”, disse Valerie. “É possível que mais dezenas de milhares de pessoas sejam forçadas a fugir da Síria se o Estado Islâmico continuar a ganhar terreno no norte da província de Alepo [Norte]”. Mais de 160 mil pessoas fugiram dessa região em poucos dias para a Turquia.
Agência Brasil
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