O décimo terceiro salário tem como destino o pagamento de dívidas para 60% dos brasileiros consultados pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). A pesquisa, divulgada hoje (11), foi realizada em outubro deste ano, com 573 consumidores de todas as classes sociais.

O percentual é maior do que o verificado na pesquisa de 2007 (58%). Segundo a Anefac, como vem ocorrendo todos os anos, a maior parte dos consumidores (mais de 50%) tem dívidas contraídas no cheque especial e no cartão de crédito.

Outros 15% pretendem comprar presentes, contra 20% do ano passado. Como nos anos anteriores, os brinquedos são os produtos que mais têm atraído os recursos do décimo terceiro (73%, contra 81% em 2007). “Todos os itens de consumo apresentaram uma redução na intenção de gastos dos consumidores neste ano em relação a 2007, sendo a maior redução no item comprar ou trocar de veículo, que teve uma redução de 50% na intenção de compra”, informa comunicado da associação.

De acordo com a pesquisa, entre 2007 e 2008, aumentou de 10% para 11% o percentual de pessoas que pretendem poupar e aplicar parte do décimo terceiro para pagar despesas de começo do ano, como Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), material e matrículas escolares. Outros 9% (contra 7% do ano passado) já receberam, ao longo do ano, parte ou todo décimo terceiro ou fizeram empréstimos de antecipação. Há ainda 2%, o mesmo percentual do ano passado, que pretendem poupar parte do que sobrará.

Confira as dicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade para os consumidores neste final de ano:

– Use o décimo terceiro preferencialmente no pagamento de dívidas, principalmente aquelas que embutem encargos maiores como o cartão de crédito rotativo e o cheque especial, que na média atinge 10,46% ao mês (229,96% ao ano) e 7,88% ao mês (148,48% ao ano) respectivamente;

– Aproveite o décimo terceiro para regularizar igualmente outras dívidas, lembrando-se de negociar o estorno dos juros de mora embutidos nelas;

– Quitadas as dívidas, lembre-se de tentar reservar os valores necessários para as despesas de começo do ano (IPTU, IPVA e despesas escolares (livros, uniformes e matrículas), além das compras de Natal (cheques pré-datados e cartão de crédito) para evitar entrar novamente no vermelho no começo do próximo ano;

– Após todas essas regularizações e sobrando alguns recursos para aqueles que eventualmente tenham contraído algum financiamento em bancos, financeiras ou comércio, o Artigo 52 do Código de Defesa do Consumidor garante a retirada dos juros embutidos nesses financiamentos para as parcelas que eventualmente tiverem pagamento antecipado total ou parcialmente. Os juros devem ser retirados proporcionalmente ao período antecipado;

– Não tendo dívidas ou após a regularização daquelas existentes e sobrando algum valor, aplique em um fundo de renda fixa ou na caderneta de poupança;

– Se for fazer um financiamento, pesquise sempre as taxas de juros e demais acréscimos na medida, uma vez que existem enormes variações das condições dos financiamentos;

– Evite comprometer demasiadamente seu orçamento com dívidas;

– Evite empréstimos de longo prazo que, além de representarem custos maiores, comprometem sua renda por longo período;

– Após regularizar seu cheque especial e cartão de crédito, evite entrar novamente nessas modalidades de crédito, uma vez que cheque especial não é renda e por isso deve ser usado por período curto e emergencial;

– Se possível, adie suas compras para juntar o dinheiro e comprar à vista, evitando o juros. Entretanto, caso não seja possível, pesquise muito, barganhe e compre nos menores prazos possíveis (quanto menor o prazo, menor a incidência de juros).

Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil

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