Restrição ao crédito afeta as projeções de crescimento das pequenas e médias empresas
Estudo elaborado por pesquisadores do Insper avaliou o impacto da restrição de crédito nas expectativas de pequenos e médios empresários brasileiros durante a crise financeira mundial de 2008 e 2009. Os resultados da pesquisa indicam que 26,6% das empresas consultadas declaram que suas atividades são muito afetadas pelo acesso ao crédito. Ao todo, 1.200 empresas participaram do levantamento.
O setor mais suscetível ao acesso ao crédito é o industrial. Foram 32,2% das pequenas e médias empresas deste segmento que disseram que suas atividades são fortemente impactadas. No outro extremo, o setor de serviços foi o que apresentou menor proporção de empresas muito afetadas pelo acesso ao crédito, contabilizando 23,9% do total.
Em termos geográficos, as empresas das regiões Nordeste e Centro-Oeste foram as mais afetadas com a restrição ao crédito, 35,2% e 34,7% respectivamente. Já as regiões Norte e Sudeste apresentam o menor percentual de restrição, 21,8% e 23,7%, respectivamente.
“O estudo mostra também que as empresas cujas atividades são pouco afetadas pelo acesso ao crédito apresentam-se sistematicamente mais otimistas que as outras empresas, demonstrando assim um possível impacto das restrições financeiras nas expectativas dos agentes”, ressalta Danny Claro, um dos pesquisadores responsáveis pelo levantamento.
O estudo sobre os efeitos da restrição ao crédito foi baseado em dados do índice de confiança dos pequenos e médios negócios na economia brasileira (IC-PMN). Este indicador é divulgado trimestralmente pelo Insper, em parceria com o banco Santander, e as empresas são questionadas a repeito de suas expectativas para os próximos três meses. A primeira coleta de dados foi realizada em outubro de 2008.
Inércia na contratação
Outro resultado apresentado no estudo é que empresários reagem mais rápido quando a tendência é demitir funcionários do que nos períodos mais positivos em que há expectativa de contratação.
No levantamento, os empresários foram questionados sobre o número de pessoas que trabalham nas empresas. No pior período da crise essa questão apresentou a maior queda em pontos (-15,8). Já no período de otimismo que se seguiu, a contratação de pessoal foi a que teve menor crescimento.
“Este resultado confirma o fato que os empresários apresentam alguma inércia na contratação de empregados no início de processos de recuperação da economia já que as novas contratações implicam em custos trabalhistas, portanto, o empresário necessita de sinais mais fortes sobre a recuperação da economia”, aponta o estudo do Insper.
Fonte: Instituto de Ensino e Pesquisa – Insper.
Comentários
Ainda não há nenhum comentário para esta publicação. Registre-se ou faça login e seja o primeiro a comentar.