Média salarial das mulheres é 30% menor que dos homens
Por mais que, nos últimos dez anos, a média salarial da população brasileira ocupada tenha tido um aumento real de quase 50%, com destaque para mulheres (61%) e mulheres negras (77%), os homens brancos continuam recebendo salários maiores, com diferenças expressivas em relação aos outros grupos. Essa realidade foi constatada na Pesquisa Mulheres e Trabalho: breve análise do período 2004-2014, realizada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Em 2014, pela primeira vez, as mulheres ultrapassaram o patamar de 70% da renda masculina. Há dez anos, esse percentual era de 63%. Em 2014, elas recebiam, em média, R$ 1.288, contra R$ 1.831 dos homens.
No entanto, essa situação piora quando falamos das mulheres negras, que, tendo um salário médio de R$ 946 em 2014, ainda não alcançaram 40% da renda dos homens brancos, que tinham, em 2014, uma média salarial de R$ 2.393.
População ocupada
Entre outras conclusões, a pesquisa demonstra que a população feminina permanece sendo a maioria entre os inativos – 26,7 milhões de inativas e 9,1 milhões de inativos em 2014. Os dados apontam ainda que de cada dez mulheres quatro estavam fora do mercado de trabalho em 2014.
No período analisado, observa-se a estabilização da presença feminina no mercado de trabalho. Em 2005, 59% das mulheres em idade economicamente ativa trabalhavam, passando para 56% em 2011 e 57% no último ano analisado.
Quando falamos das trabalhadoras negras, em regra, elas são mais suscetíveis ao desemprego. Em 2014, 10,2% estavam desempregadas, enquanto a taxa entre os homens brancos era de 4,5%.
Outro dado preocupante diz respeito ao alto índice de precarização das atividades desenvolvidas por trabalhadoras negras: 39,08% das mulheres negras ocupadas estão inseridas em relações precárias de trabalho, seguidas pelos homens negros (31,6%), mulheres brancas (26,9%) e homens brancos (20,6%).
Trabalho doméstico
A pesquisa do Ipea indica ainda que 5,9 milhões de brasileiras são trabalhadoras domésticas. Entre as mulheres negras, 17,7% ocupam essa função. Já entre as mulheres brancas, a participação é de 10%.
No período em análise, a renda das trabalhadoras domésticas tem se valorizado em termos proporcionais mais que o salário mínimo. No entanto, a desigualdade se repete. As mulheres negras apareceram em desvantagem, ganhando entre 83 e 88% do que ganham as trabalhadoras domésticas brancas.
Para o estudo foram utilizados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE), que considera como população ativa e ocupada, as pessoas que desenvolvem atividade econômica remunerada em dinheiro, produtos ou serviços por pelo menos uma hora na semana. A pesquisa não considera o trabalho doméstico realizado de forma não remunerada pelas mulheres em suas próprias casas.
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