Referendo decisivo para futuro da União Europeia acontece domingo na Grécia
A crise grega que tem tomado conta dos noticiários econômicos nas últimas semanas está prestes a dar um passo decisivo no próximo domingo. Depois de se tornar o primeiro país desenvolvido da história a não pagar a parcela da dívida devida ao Fundo Monetário Internacional (FMI), até o fim do prazo, na terça-feira, 30, a Grécia voltou ao centro das atenções e a dúvida sobre o que pode acontecer daqui pra frente cresceu em todo o mundo.
O não pagamento da parcela de € 1,6 bilhão aumenta ainda mais o risco da saída do país da Zona do Euro, o que, segundo alguns analistas pode ser catastrófico para a economia do país de 11 milhões de habitantes. A União Europeia (UE) continua pressionando a Grécia, mas as negociações estão interrompidas até a decisão do povo em um referendo, no próximo domingo. A votação é para decidir se a Grécia aceita as últimas propostas oferecidas pela Europa ou fica do lado do partido Syriza, liderado pelo primeiro ministro Aléxis Tsipras e pelo ministro grego das Finanças, o controverso e carismático Yanis Varoufakis.
Referendo
O lado do sim é visto como um retrocesso por muitos dos apoiadores da reforma proposta pelo governo grego, eleito em 25 de janeiro deste ano. Se o povo optar por esta opção, estaria concordando com o que a Europa oferece: uma ajuda de custo em troca do alcance do superávit primário até o fim do ano, entre outras medidas de austeridade que incluem aumento de tributos e cortes em aposentadoria. Tsipras, o premiê, e Varoufakis, o ministro das Finanças, cogitaram deixar o cargo, caso o “sim” ganhe.
A alternativa, que acontece no caso dos eleitores votarem no “não”, significaria optar por não se curvar, mais uma vez, à política de austeridade que alguns veem como a principal responsável pela crise grega. Nos últimos anos, com estas políticas — lideradas pelo ex-premiê Antónis Samarás, do partido conservador da Nova Democracia — o país afundou em dívidas, teve uma queda de 25% no Produto Interno Bruto (PIB), se viu obrigado a cortar empregos, salários e fundos de pensão. De acordo com os resultados de março, os índices de desemprego estão em 25,6% e, entre os jovens, a taxa é ainda maior e passa dos 50%.
A saída do Euro
As lideranças europeias já perderam a paciência com as constantes recusas do Syriza. Jean Claude-Juncker, presidente da Comissão Europeia, afirmou categoricamente que se os gregos votarem “não” a posição do país nas negociações será “dramaticamente enfraquecida” e cogitou inclusive a possibilidade da saída do país da UE.
O golpe que isso pode representar para a Grécia é temido por praticamente todos os envolvidos. A moeda teria de ser substituída, os bancos, já apostando em liquidez, perderiam força e o país se isolaria no sudoeste da Europa. Os resultados para o continente também não seriam dos melhores, apesar de nenhum dos líderes europeus baixar a guarda. Esta saída poderia abrir a porta para que outros países mais economicamente fracos, vítimas da crise que assolou o continente nos últimos anos e não conseguiram recuperação, também saiam.
Esta possibilidade fez o governo norte-americano cobrar uma resolução mais eficiente de ambas as partes. O maior medo dos Estados Unidos, economicamente, é que, com esta abertura, países como China e Rússia possam suprir a falta de apoio da UE.
No dia 30 de junho, antes da confirmação do Calote, o ministro Yanis Varoufakis ameaçou processar a UE, caso a Grécia saia do grupo. De acordo com o economista, o governo grego não vai lançar mão de seus direitos. “Os tratados da UE não estabelecem requisitos para uma exclusão da Zona do Euro, e nós nos recusamos a aceitar”, afirmou.
A votação acontece no próximo domingo, 5, e antes de sair o resultado, nenhum dos lados deve tomar mais nenhum posicionamento diferente dos já estabelecidos anteriormente. Na praça central de Atenas, manifestantes de ambos os lados protestam durante toda esta semana.
Comentários
Ainda não há nenhum comentário para esta publicação. Registre-se ou faça login e seja o primeiro a comentar.