23/03/2015-  Alemanha - O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e a chanceler alemã, Angela Merkel, mostraram boa vontade mútua nesta segunda-feira (23), apelando para que gregos e alemães deixem de lado recriminações e estereótipos nacionais e trabalhem para uma Europa melhor no futuro. Apesar das palavras calorosas do premiê grego em sua primeira visita a Berlim, não ficou claro se os líderes diminuíram as diferenças sobre as reformas econômicas que a Grécia precisa implementar para garantir recursos necessários urgentemente de seus credores. Os dois líderes discutiriam mais detalhes das reformas em um jantar.
Com o risco da população grega aceitar as propostas de austeridade que a Europa quer impor à Grécia, Alexis Tsipras, premiê e lider do Syriza, cogita renunciar ao cargo.

A crise grega que tem tomado conta dos noticiários econômicos nas últimas semanas está prestes a dar um passo decisivo no próximo domingo. Depois de se tornar o primeiro país desenvolvido da história a não pagar a parcela da dívida devida ao Fundo Monetário Internacional (FMI), até o fim do prazo, na terça-feira, 30, a Grécia voltou ao centro das atenções e a dúvida sobre o que pode acontecer daqui pra frente cresceu em todo o mundo.

O não pagamento da parcela de € 1,6 bilhão aumenta ainda mais o risco da saída do país da Zona do Euro, o que, segundo alguns analistas pode ser catastrófico para a economia do país de 11 milhões de habitantes. A União Europeia (UE) continua pressionando a Grécia, mas as negociações estão interrompidas até a decisão do povo em um referendo, no próximo domingo. A votação é para decidir se a Grécia aceita as últimas propostas oferecidas pela Europa ou fica do lado do partido Syriza, liderado pelo primeiro ministro Aléxis Tsipras e pelo ministro grego das Finanças, o controverso e carismático Yanis Varoufakis.

Referendo

O lado do sim é visto como um retrocesso por muitos dos apoiadores da reforma proposta pelo governo grego, eleito em 25 de janeiro deste ano. Se o povo optar por esta opção, estaria concordando com o que a Europa oferece: uma ajuda de custo em troca do alcance do superávit primário até o fim do ano, entre outras medidas de austeridade que incluem aumento de tributos e cortes em aposentadoria. Tsipras, o premiê, e Varoufakis, o ministro das Finanças, cogitaram deixar o cargo, caso o “sim” ganhe.

A alternativa, que acontece no caso dos eleitores votarem no “não”, significaria optar por não se curvar, mais uma vez, à política de austeridade que alguns veem como a principal responsável pela crise grega. Nos últimos anos, com estas políticas — lideradas pelo ex-premiê Antónis Samarás, do partido conservador da Nova Democracia — o país afundou em dívidas, teve uma queda de 25% no Produto Interno Bruto (PIB), se viu obrigado a cortar empregos, salários e fundos de pensão. De acordo com os resultados de março, os índices de desemprego estão em 25,6% e, entre os jovens, a taxa é ainda maior e passa dos 50%.

A saída do Euro

As lideranças europeias já perderam a paciência com as constantes recusas do Syriza. Jean Claude-Juncker, presidente da Comissão Europeia, afirmou categoricamente que se os gregos votarem “não” a posição do país nas negociações será “dramaticamente enfraquecida” e cogitou inclusive a possibilidade da saída do país da UE.

O golpe que isso pode representar para a Grécia é temido por praticamente todos os envolvidos. A moeda teria de ser substituída, os bancos, já apostando em liquidez, perderiam força e o país se isolaria no sudoeste da Europa. Os resultados para o continente também não seriam dos melhores, apesar de nenhum dos líderes europeus baixar a guarda. Esta saída poderia abrir a porta para que outros países mais economicamente fracos, vítimas da crise que assolou o continente nos últimos anos e não conseguiram recuperação, também saiam.

Esta possibilidade fez o governo norte-americano cobrar uma resolução mais eficiente de ambas as partes. O maior medo dos Estados Unidos, economicamente, é que, com esta abertura, países como China e Rússia possam suprir a falta de apoio da UE.

No dia 30 de junho, antes da confirmação do Calote, o ministro Yanis Varoufakis ameaçou processar a UE, caso a Grécia saia do grupo. De acordo com o economista, o governo grego não vai lançar mão de seus direitos. “Os tratados da UE não estabelecem requisitos para uma exclusão da Zona do Euro, e nós nos recusamos a aceitar”, afirmou.

A votação acontece no próximo domingo, 5, e antes de sair o resultado, nenhum dos lados deve tomar mais nenhum posicionamento diferente dos já estabelecidos anteriormente. Na praça central de Atenas, manifestantes de ambos os lados protestam durante toda esta semana.

    Leia Também

  • Educação financeira

    Economizando em Tempos de Crise: Dicas Práticas para Gerenciar suas Finanças

  • Cinco atividades de lazer que movimentam a economia das grandes cidades

  • Afinal, qual é o melhor curso Ancord?

Comentários

Melhore sua saúde financeira e tenha uma vida melhor