e-commerce

Os números do e-commerce impressionam e, com isso, atraem muita gente, incluindo empresários e profissionais desempregados que encontram no comércio eletrônico uma alternativa de fonte de renda. Um levantamento da consultoria Big Data Corp que existiam, até junho de 2017, 600 mil lojas virtuais no país, com um crescimento de 9,23% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Esse ritmo de crescimento já foi maior, alcançando 24,67% em 2015 e 21,52% em 2016. Por outro lado, em 2017, o número de lojas virtuais com mais de 500 mil visitantes deu um grande salto. Em 2016, elas representavam 0,76% do total. Até junho deste ano, elas já eram 14,77%, passando a ocupar um lugar de grande destaque e mostrando a força que o setor vem adquirindo.

Esse aumento no número de lojas virtuais está, em grande medida, ligado à facilidade com qual uma pessoa pode abrir seu e-commerce, ou seja, à queda da barreira de entrada. Por meio de plataformas e os chamados marketplaces ou shoppings virtuais, é possível começar a vender pela internet em menos de uma hora e a partir de poucos cliques.

Os números apresentados na 3ª Pesquisa Nacional de Varejo Online, realizada pelo Sebrae, comprovam essa realidade. De acordo com o estudo, 45% dos mais de 2 mil empresários entrevistados utilizam plataformas alugadas, enquanto outros 24% estão em algum marketplace. Outros 14% optam por plataformas gratuitas, que possuem algumas limitações, mas ajudam no acesso ao mercado virtual.

Uma das principais plataformas de e-commerce do Brasil é a da Loja Integrada, que tem 500 mil lojas abrigadas e 20 mil funcionando ativamente. Em cinco anos, a empresa acumula R$ 483,07 milhões em vendas e 8,3 milhões de produtos vendidos.

A Loja Integrada foi fundada por Adriano Caetano e Udlei Nattis, que sempre trabalharam com e-commerce desenvolvendo lojas on-line para grandes e médias empresas. Com a experiência, eles perceberam o crescimento no número de consumidores virtuais no Brasil e também a grande demanda de micros e pequenos empresários que desejavam entrar para o e-commerce, mas que não tinham recursos para financiar uma loja virtual própria.

“Na época, as plataformas existentes possuíam alto custo para implantação, cobravam participação sobre as transações ou não tinham disponíveis ferramentas grátis e práticas para que o empresário tivesse independência na gestão de sua loja”, conta Breno Nogueira, especialista de comércio eletrônico da empresa.

A Loja Integrada realizou um levantamento entre março e abril deste ano, com 1.011 lojistas, que aponta o perfil do micro e pequeno empreendedor digital no Brasil. A maioria dos lojistas começou seu negócio na internet com investimento inicial de até R$ 1 mil com o objetivo de driblar o desemprego ou para completar a renda.

O problema, segundo Nogueira, é que muitos chegam à Loja Integrada sem compreender a dedicação e paciência que uma loja virtual exige. “É preciso entender, por exemplo, que ela não se vende sozinha. É necessário investir na divulgação do negócio — seja pelas redes sociais ou por SEO —, no layout do site, na experiência do usuário, entre outros aspectos”, explica.

Nogueira ressalta que a primeira venda não acontece do dia pra noite e isso acaba frustrando quem chega à Loja Integrada pensando que já vai começar a vender no primeiro dia. “Além disso, lojas criadas para vendas sazonais também contribuem para o crescimento dessa taxa”, conta.

Ainda de acordo com o perfil apontado pela pesquisa da Loja Integrada, 43% dos lojistas que investiram no comércio eletrônico em 2016 estão em suas primeiras experiências como empreendedores. Do total, 56% afirmaram que a principal motivação para empreender foi ser dono do próprio negócio, ou seja, não ter chefe.

Em relação ao tempo de trabalho, 44,5% dedicam de 1 a 2 horas na loja virtual, 25,4% dedicam meio período do dia e 24,3% se dedicam em período integral.

A inspiração para abrir o próprio negócio

Entre os empreendimentos criados na Loja Virtual que estão fazendo mais sucesso está a Letiti, que atua no segmento de vestuário infantil. A empresa foi fundada por Fábio Rosochansky e Daniela Cabrera. Ela é estilista e ele sempre trabalhou como gestor e coach. Os dois decidiram usar suas habilidades e a inspiração que vinha da filha para criar o próprio negócio.

A empresa começou com meias que imitam um sapatinho, pois Daniela percebeu que era um problema a ser resolvido. “Os sapatos para bebês não faziam sentido, pois machucava, a menina perdia e eram caros. Ela queria deixar a filha confortável e estilosa”, conta Rosochansky. Após as meias, vieram os acessórios, roupas e os conteúdos de mídia

A motivação para abrir um e-commerce veio da tendência de mercado, da praticidade e pela possibilidade de escalar de forma mais simples que os outros modelos. Hoje, a empresa cresce em torno de 15% ao mês e teve um incremento de 80% no ano anterior.

Para driblar a crise, a aposta é na cautela, no marketing social e nas novidades. “É importante ter muito planejamento e ser eficiente. Temos o plano de todas as ações desde o começo do ano, tratamos a empresa como se fosse uma multinacional com todos os processos que deve ter se preparando para o crescimento”, conta Rosochansky.

Perfil das lojas virtuais

Segundo a pesquisa do Sebrae, há uma grande concentração das lojas virtuais brasileiras. Das que participaram da pesquisa, 58% estão no sudeste, 18% no sul, 12% no nordeste, 9% no centro-oeste e apenas 3% no norte.

O principal segmento de atuação é moda, com 30% das lojas. Depois vem casa e decoração (13%), informática (12%), beleza (10%) e eletrônicos e telefonia (9%).

Em relação ao desempenho, 51% das empresas que participaram da pesquisa têm lucro, 28% ficam empatadas e 21% terminam com prejuízo.

A média de pedidos mensais é 50, mas as empresas que apresentam lucro recebem uma média de 80 pedidos. As que ficam empatadas têm 30 e as que terminam com prejuízo obtém 17 pedidos em média.

A taxa média de conversão é de 1,5%, chegando a 2% entre as empresas que conseguem lucrar e caindo para 1% entre as que ficam no prejuízo.

Os seis principais canais de vendas on-line são redes socias (72%), busca orgânica (68%), e-mail marketing (52%), links patrocinados (44%), WhatsApp (35%) e marketing de conteúdo (27%).

E-commerce na indústria

Essa revolução digital que impulsionou o e-commerce no varejo também chegou nas indústrias, que perceberam a importância e a necessidade de estarem presentes de forma mais direta nesses canais, negociando por meio deles e criando soluções que atendam suas demandas.

Segundo Maurício Trezub, diretor de e-commerce da TOTVS, esse momento de mudança aconteceu quando a indústria começou a perceber que a sua cadeia de negócios poderia ganhar uma nova e forte vertical se ela atuasse diretamente nos marketplaces para a venda direta dos seus produtos e, dessa forma, tendo informações valiosas sobre as demandas das suas mercadorias — sem que houvesse a necessidade de maiores investimentos e riscos em uma aposta direta de e-commerce próprio.

Assim, de acordo com o executivo, ganha-se visibilidade em grandes portais e, de maneira rápida e barata, é possível testar a aceitação dos seus produtos para a Internet, com o controle das informações, que antes ficava nas mãos dos distribuidores da cadeia.

E essa é uma realidade consolidada e absolutamente viável, segundo Trezub. “As indústrias começam a testar o seu interesse pelo universo digital por enxergar nele novas oportunidades e um grande potencial para divulgar sua marca e ampliar seu campo de atuação”, comenta o diretor.

E, para ele, este é o momento de as indústrias entrarem no e-commerce, sem se afastar dos seus canais tradicionais — caminhos para que possam se aproximar dos consumidores, fechar negócios, aumentar a receita, o alcance e diminuir custos. “Aqui abrem-se outros desafios, de encontrar os melhores modelos para adentrar ao mundo digital, com a sua venda direta pelo marketplace, ao mesmo tempo em que não se indisponham com a sua rede de canais.”, explica.

Apesar das indústrias possuírem marcas conhecidas no mercado, elas precisam entender e ingressar cada vez mais no ambiente virtual. “As fabricantes que entenderem como ganhar visibilidade no universo digital conseguirão garantir sua competitividade no mercado. É necessário inovar, até mesmo na forma de vender e se relacionar com os clientes, e só por meio do e-commerce que as indústrias conseguirão ficar mais próximas de seus consumidores. Desta forma, poderão estabelecer um canal direto com eles e, até mesmo, alinhar sua estratégia de negócio aos seus gostos e preferências”, afirma Trezub.

Entre os benefícios do uso do e-commerce pela indústria está a maior visibilidade das informações sobre as suas demandas. “Atuando por meio de marketplaces, a indústria alcança uma flexibilidade que a permite avaliar diferentes processos de entrega e a interação do público com a marca em situações diversas”, diz o executivo.

E, ainda, há a possibilidade de fazer adaptações nos produtos sempre que desejar e de forma contínua, controlando estoques maiores e menores, lançando produtos ou tirando outros de linha, até consolidar o melhor cenário para a sua atuação. “Todo este controle efetivo sobre o que o seu público quer consumir e o que se deve, de fato, produzir, culminam na visão estratégica do negócio e este é o ciclo virtuoso almejado por toda e qualquer empresa”, afirma.

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