Política econômica brasileira reduz confiança internacional no país
A situação econômica do Brasil não está preocupando somente os brasileiros, com a alta da inflação. O resultado do PIB do ano passado, a percepção internacional de que o governo é muito protecionista e interfere demais no mercado são fatores que levam investidores a olharem com desconfiança para o país. “A ideia do Brasil decolando passou”, disse à revista Época o investidor Mark Mobius, presidente da Templeton Emerging Markets, empresa administradora de um patrimônio de US$ 54 bilhões nos mercados emergentes, US$ 4,3 bilhões no Brasil.
Estes pontos negativos da economia brasileira começaram a ser notados no mundo após a desaceleração repentina da atividade econômica no país. Em 2010, o Brasil cresceu 7,5% e no ano seguinte o avanço não passou de 2,5%. Em 2012 a situação foi ainda pior com um PIB de 0,9%. “Lula manteve sem necessidade os estímulos econômicos criados no combate à crise para gerar um clima de euforia e eleger Dilma presidente. Mas ele sabia que o dia do juízo chegaria depois.”, afirma Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda.
Ainda que o desempenho da economia mundial nos últimos anos também tenha sido desanimador, o Brasil teve os piores resultados dentre os membros do Brics, grupo composto pelos emergentes Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul.
Para evitar uma imagem ainda mais negativa, o governo reduziu os juros, cortou as tarifas de energia e promoveu desonerações fiscais e trabalhistas para diversos setores da economia. Mas o mercado continua reticente e as medidas pouco ajudaram a conter a inflação, que saiu da pauta dos economistas e já está virando uma preocupação popular. Isso, segundo analistas, prejudica ainda mais a visibilidade do país pelo mundo e afeta negativamente os investimentos internacionais no Brasil.
Armínio Fraga, economista da Gávea Investimentos e presidente do Banco Central durante o governo FHC, acredita, no entanto, que existe também um exagero da parte do mercado nessa visão negativa do Brasil: “Assim como estavam otimistas demais em 2010, agora estão pessimistas demais. 2010 foi um ano de recuperação, e o crescimento de 7% foi um fenômeno isolado. 2012 foi um ano de desaceleração global, e o crescimento de 1% também foi algo esporádico.”
Porém, o clima de insegurança persiste. “Existe uma grande incerteza, hoje, em relação à qualidade da gestão da economia brasileira. Muitos clientes me perguntam se o Brasil está virando a Argentina”, diz Garman, do Eurasia Group.
A aposta do governo para reverter esse quadro é criar mecanismos que impulsionem o consumo, mas de acordo com analistas, ele não deve ser mais importante que o investimento. “A grande dúvida, hoje, é se o Brasil dará uma resposta adequada para alavancar os investimentos privados. O Brasil precisa de mais pragmatismo e menos ideologia”, diz Armínio Fraga. Segundo ele, há um consenso entre os analistas de que os efeitos de eventuais correções de rota na economia não virão de imediato.
Com informações da revista Época.
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