Pesquisa mostra que juros bancários estão nos mesmos patamares anteriores à crise
Pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) constatou que houve redução das taxas de juros, nas operações de crédito, em junho. Foi o quinto mês seguido de taxas decrescentes.
Com isso, os juros cobrados pelos bancos retornaram aos mesmos patamares anteriores a setembro do ano passado, quando a crise financeira global se intensificou.
O levantamento foi coordenado pelo vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, que atribui a reversão dos juros bancários a dois fatores. Primeiro, à redução da taxa básica de juros (Selic), que cedeu de 17,75% para 9,25% ao ano, de dezembro de 2008 para cá. Depois, à percepção de melhora do cenário econômico, tanto no país, como no exterior.
Segundo Oliveira, a pesquisa constatou que as condições de crédito, no momento, são semelhantes às condições anteriores à crise, tanto no alongamento dos prazos de financiamento, quanto na redução dos juros. Para o presidente da Anefac, a situação “deve melhorar mais ainda no segundo semestre”, com o aumento do volume de recursos emprestado e a maior flexibilidade nas contratações.
Oliveira segue a percepção geral de economistas nacionais, de que “o pior da crise já passou”, e acredita em novas reduções da taxa Selic até o final do ano, o que, segundo ele, “levará as instituições financeiras a emprestar mais, provocando maior competição de mercado”. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá a taxa anual, será na semana que vem, dias 21 e 22.
“A nossa expectativa é que o consumidor brasileiro vá conviver daqui para a frente com uma situação nova, de reduções dos juros das operações de crédito em patamares superiores às quedas da taxa básica de juros”, disse ele, lembrando que, durante muito tempo, o consumidor conviveu com reduções das taxas de juros em patamares inferiores às quedas da Selic, e, inclusive, com quedas da taxa e aumento de juros ao consumidor.
Na avaliação de Oliveira, de agora em diante, “deveremos ter reduções das taxas de juros, seja para produção [pessoa jurídica] como para consumo [pessoa física], em patamares superiores às quedas da Selic. Deveremos, inclusive, ter períodos em que a Selic vai ficar inalterada e as taxas de juros das operações de crédito vão ser reduzidas”.
Das seis linhas de crédito pesquisadas, para pessoa física, duas ficaram estáveis em junho, comparado a maio (cartão de crédito e financiamento de veículos) e quatro foram reduzidas (juros do comércio, cheque especial e empréstimo pessoal dos bancos e das financeiras). A taxa de juros média para pessoa física caiu de 7,28% para 7,26% ao mês (131,87% ao ano) e é a menor desde abril de 2008.
Os juros do comércio caíram de 6,10% para 6,06%, o cheque especial cedeu de 7,59% para 7,54%, o empréstimo pessoal de bancos baixou de 5,36% para 5,30% e o empréstimo pessoal de financeiras foi de 11,19% para 11,17% ao mês. O cartão de crédito manteve os juros de 10,68% e o CDC-bancos permaneceu em 2,78%.
Das quatro linhas de crédito pesquisadas, para pessoa jurídica, duas ficaram estáveis (capital de giro e conta garantida) e duas foram reduzidas (desconto de duplicatas e desconto de cheques). A taxa de juros média para empresas baixou de 4,15% para 4,12% ao mês (62,33% ao ano) e é a menor desde janeiro de 2008.
A taxa para desconto de duplicatas caiu de 3,59% para 3,54% e o desconto de cheques baixou de 3,71% para 3,65% ao mês, enquanto os juros para capital de giro se mantiveram em 3,74% e, para conta garantida, permaneceram em 5,55% ao mês.
Stênio Ribeiro – Agência Brasil
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