As perdas nas safras de grãos, causadas pelas mudanças climáticas, poderão chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020, dobrando para R$ 14 bilhões em 2070, de acordo com o estudo “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira”.A pesquisa foi realizada pela Universidade de Campinas (Unicamp) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os resultados foram divulgados ontem (11), pelas instituições na abertura do 7º Congresso Brasileiro do Agribusiness, em São Paulo.

Segundo informou à Agência Brasil o engenheiro agrônomo Hilton Silveira Pinto, da Unicamp, esse valor foi estimado em função da diminuição da área de produção e da produtividade. O café, por exemplo, apresenta tendência de sair das áreas tradicionais, que são os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná e passar a ser cultivado no Sul da Bahia, em 2050. A diferenciação é obtida na comparação das extensões que são perdidas com as novas áreas de produção.

A agricultura brasileira já vem experimentando queda da produção de algumas culturas. Hilton Silveira chamou a atenção para o fato de que a compensação tecnológica pode minimizar os efeitos do aquecimento global, projetado já para o ano de 2020. Ele explicou que um pequeno aumento da área de cultivo, acompanhado do grande aumento da produtividade promove essa compensação. “Se você aplicar técnicas corretas e desenvolver novas variedades, certamente pode compensar [os efeitos do]aquecimento global com novas tecnologias. Esse é o caminho que nós indicamos”.

As projeções mostram que as perdas serão de até R$ 8 bilhões para a soja em 2070. Esse valor corresponde à metade das perdas previstas para a agricultura na ocasião. No cenário mais otimista estabelecido pelo estudo, as culturas analisadas, excluindo cana e mandioca, devem experimentar um prejuízo anual de produção que varia de R$ 6,7 bilhões, em 2020, até R$ 12,2 bilhões, em 2070. Em contrapartida, o país “poderá ganhar entre R$ 17 bilhões e R$ 18 bilhões com a cana-de-açúcar”, disse Silveira.

Agência Brasil / Alana Gandra

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