Pasadena dá lucro e sempre esteve ativa, diz ex-presidente da Petrobras
O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que a refinaria de Pasadena, responsável pela mais recente agitação política do país, sempre esteve operante e dá lucro. De acordo com Gabrielli, a compra da refinaria se deu em um momento em que o mercado brasileiro não crescia e o cenário externo era favorável à ampliação da produção: “O negócio em 2005 e 2006 [quando Pasadena foi adquirida] refletia a realidade do mercado brasileiro estagnado em termos de crescimento de consumo, uma oportunidade nos Estados Unidos, uma situação em que o mercado nos EUA era favorável à aquisição de refinarias, e, portanto, naquele momento, foi [um negócio] adequado”.
A entrevista, concedida ao Jornal Nacional, da Rede Globo, foi ao ar na quinta, dia 20, mas a íntegra foi divulgada recentemente na internet. Na edição da TV, algumas informações não foram esclarecidas, fatos que Gabrielle elucida no vídeo completo. O ex-diretor da estatal explicou, por exemplo, o valor pago pela refinaria. Segundo ele, Pasadena foi adquirida pela Astra Oil por metade do valor de mercado, a Petrobras comprou sua participação num momento de valorização do mercado norte-americano e, segundo Gabrielli, não é verdade que a estatal tenha desembolsado US$ 360 milhões por metade de Pasadena: “50% da primeira parte da refinaria foi comprada por US$ 190 milhões, que representou justamente a mudança que ocorreu no mercado americano entre 2005 e 2006. E esses outros US$ 170 milhões correspondem a estoques que estavam na refinaria”.
De acordo com o ex-presidente da Petrobras, olhando o negócio pela ótica de 2005, quando a refinaria foi comprada, a aquisição era positiva. Mas ocorreram fatos que não podiam ser previstos, o que tornaria, hoje, a decisão um mau negócio: “O que acontece depois de 2007, 2008? Você tem um crescimento do mercado brasileiro de combustíveis a taxas extremamente altas, você tem uma crise internacional em 2008 e você tem uma mudança no mercado de petróleo leve nos EUA que não podia ser prevista em 2005”.
No entanto, uma contradição chamou a atenção da reportagem da TV Globo, e que ganhou o destaque na edição. É que segundo nota divulgada pela presidente Dilma Rousseff no Blog do Planalto, se a cláusula Put Option – que determina a compra, por um dos sócios, da outra metade do negócio quando houver desentendimento entre as partes – fosse conhecida, a aquisição não seria efetuada. É essa cláusula que está gerando a polêmica, pois, segundo Dilma, ela foi omitida no resumo executivo, documento que apresenta ao Conselho da empresa as informações mais relevantes para as tomadas de decisão. Na época, a presidente Dilma Rousseff era ministra-chefe da Casa Civil e presidente do Conselho Administrativo da Petrobras.
De acordo com Gabrielli, porém, esse requisito contratual é comum nesse tipo de transação.
Em entrevista publicada nesta quarta-feira, 26, em O Globo, a presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que não se pode dizer que Pasadena foi um erro. Ela também afirma que a Put Option não é algo relevante a ser incluído em um resumo executivo. A agitação dentro da empresa, segundo ela, só está ocorrendo porque não é admissível que a presidente da companhia não saiba exatamente tudo o que está acontecendo: “Eu não posso não saber de alguma coisa nesse momento em relação a Pasadena. Eu não aceito, e daí vem a minha indignação”.
Com informações do portal Conversa Afiada, jornal O Globo, Jornal Nacional e Blog do Planalto.
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