Para Dilma, problemas do país são consequência da crise internacional
O baixo desempenho econômico do Brasil é consequência da crise financeira internacional, mas o país ainda está melhor que a maioria dos grandes países e todas as dificuldades são compartilhadas com os principais emergentes. É a avaliação que a presidente e candidata pelo PT à reeleição, Dilma Rousseff, faz da sua gestão na área econômica. Segundo Dilma, a inflação vai ficar abaixo do limite superior da meta e o PIB deve ter um desempenho melhor do que as previsões, sempre muito pessimistas, segundo ela.
As declarações de Dilma foram feitas durante sabatina realizada nesta segunda-feira, 28, pelo jornal Folha de S. Paulo, portal UOL, rádio Jovem Pan e SBT. Dividida em dois blocos de aproximadamente meia hora, o primeiro momento inteiro foi dedicado às questões econômicas. Para a presidente, todos os dados negativos apresentados pelos jornalistas refletem, apenas, um negativismo extremo perpetuado pela imprensa e pelo mercado.
“Eu acho que o mesmo pessimismo que ocorreu com a Copa está havendo com a economia brasileira. E você sabe que no caso da economia é mais grave, porque a economia é feita de expectativa”, defendeu a presidente. “[Disseram:] não vai ter estádio decente, não vai ter aeroporto decente, segurança vai ser um desastre, não tem estrutura de comunicação, vai haver um racionamento… e pra não ter dúvida de que ia ser um caos, também uma epidemia de dengue. Isso é muito grave. Isso é uma especulação contra o país”, criticou.
Dilma lembrou o anúncio de uma crise cambial, que traria caos internacional. “Não aconteceu”, enfatizou. “Nós temos robustez fiscal, nós não temos descontrole fiscal, a dívida líquida do país passou de 60% para 34%, isso não é desequilíbrio fiscal”, disse.
Para ela, além de reservas (superávit primário), o governo tem feito um esforço para evitar que a crise seja sentida pela população: “O que eu acho que nós fizemos certo? Impedir que o tradicional efeito da crise, que era desempregar, arrochar salário e fazer com que a população pagasse o pato da crise, nós impedimos que isso acontecesse”. Ela se esquivou de responder perguntas sobre a recente onda de demissões na indústria, especialmente a automobilística, e garantiu que o setor está recebendo apoio constante do governo.
A presidente citou as ações em infraestrutura, a qualificação técnica dos estudantes por meio do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) e o financiamento via PSI (Programa BNDES de Sustentação do Investimento, que amplia o crédito para ações de exportação e aquisição de bens de capital e inovação tecnológica) como medidas que beneficiaram a indústria.
Ainda assim, a confiança dos empresários do setor continua em queda. A baixa expectativa para o crescimento econômico, a alta dos juros e a inflação elevada são alguns dos motivos que fazem a indústria ter a confiança comprometida. A presidente rebateu: “O sistema de metas de inflação existe desde 1999. Existe, portanto, há 15 anos. Nesses 15 anos, interessante notar que em 12 a inflação esteve acima do centro da meta. Em cinco esteve acima do limite superior da banda [teto da meta]”.
Dilma ressaltou que as maiores conquistas da política econômica e do enfrentamento à crise foram a retirada de milhões de brasileiros da linha da pobreza e o acesso a estes aos bens de consumo e serviços, que antes eram inacessíveis a grande parcela da população.
Para ela, não há uma briga entre ricos e pobres, mas claramente quem tinha menos condições “ganhou mais”. Isso desagradou algumas pessoas, argumentou a presidente: “Eu acho que tem gente que não gosta muito que ao lado dele no avião sente uma empregada doméstica, uma secretária. Mas isso aconteceu”.
A presidente se negou a reconhecer erros na sua gestão e disse que, apesar de considerar que é preciso fazer mudanças, elas não estão relacionadas a possíveis erros que tenham sido cometidos: “Você não faz mudança porque você errou. Você faz mudança porque você tem sempre de querer alterar e melhorar as coisas que você faz”.
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