País precisa buscar mais recursos externos para investir em infraestrutura, diz associação
O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), Paulo Godoy, defende que o país busque capturar recursos de poupança externa para dar conta da demanda de investimentos em infraestrutura. A declaração foi feita durante o seminário O Brasil Pós-Crise: Desafios e Oportunidades, promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
“Precisamos capturar novos recursos de poupança externa para investir em infraestrutura, uma vez que temos o desafio de investir RS 160,9 bilhões por ano nessa área”, disse Godoy.
Segundo o presidente da Abdib, só o setor de energia – petróleo, gás e energia elétrica – precisará de investimentos anuais de cerca de R$ 100 bilhões.
“Serão R$ 75,3 bilhões anuais para investir em petróleo e gás, além de R$ 28,3 bilhões para o setor de energia elétrica. Com transporte e logística, o montante será de R$ 24,1 bilhões. As telecomunicações precisarão de R$ 19,7 bilhões anuais, e saneamento básico necessitará mais R$13,5 bilhões”, afirmou Godoy.
Para ele, o Brasil está em condições de pleitear um bom naco dos recursos externos para investimentos em infraestrutura. “Estamos passando por uma situação peculiar na comparação com as crises anteriores. Há, atualmente, uma percepção no brasileiro em geral, que também está enraizada no empresariado, de que o país tem condições de crescer [apesar da adversidade]”.
Há alguns anos, lembrou Godoy, outros países não se dispunham a emprestar recursos para o Brasil sem que obtivessem benefícios locais, como a contratação de empresas com sede no próprio país credor.
“Muitas vantagens foram conquistadas a partir de problemas como esse, como o financiamento dos projetos de infraestrutura em moeda local”, afirmou. “Se atualizássemos os valores investidos nas décadas passadas pelo BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] na área de infraestrutura, chegaríamos a algo entre R$ 6 e 7 bilhões. É um valor bastante inferior aos R$ 40 bilhões que o banco investe atualmente”, completou.
O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, que também participa do seminário, destacou que o Brasil está saindo fortalecido da crise financeira internacional e que tem de estar preparado para receber os novos empreendedores do exterior.
O fortalecimento do Brasil, segundo ele, é justificado pelo fato de “demonstrarmos ter maior resistência à crise do que normalmente se esperaria de um país emergente com a nossa história”, disse. “E, associado a isso, obtivemos ganhos também a partir da fraqueza demonstrada por economias que eram tidas como fortes”, completou.
Loyola disse que a crise mostrou ao mundo a vantagem da diversificação de riscos, dando aos investidores a percepção de que eles precisam investir em outras economias e moedas, além de dólares, euros, libras esterlinas e ienes. “Podemos, sim, ser beneficiados imediatos dessa nova gestão de investimentos dos países”, acrescentou.
O seminário O Brasil Pós-Crise: Desafios e Oportunidades continua à tarde, com participação do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), do advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, e do presidente da CBIC, Paulo Safady Simão.
Pedro Peduzzi – Agência Brasil
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