Resenha Crítica

GIANNETTI, Eduardo. O valor do amanhã: ensaio sobre a natureza dos juros. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

Eduardo Giannetti é um economista brasileiro que nasceu em Belo Horizonte, no dia 23 de fevereiro de 1957. Formado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade e em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas ambas da Universidade de São Paulo.

Giannetti fez seu doutorado em economia na Universidade de Cambridge, onde foi professor entre 1984 e 1987 e de 1988 a 2001. Também lecionou na FEA/USP. Atualmente é professor integral no Ibmec São Paulo.

É autor de diversos livros e artigos, e ganhador dois prêmios Jabuti, em 1994 com o livro “Vícios privados, benefícios públicos?” e em 1995 com o livro “As partes e o todo”.

Outros livros escritos por Giannetti são: Beliefs in action (Cambridge University Press, 1991); As partes e o todo (Siciliano, 1995); Auto-engano (Cia. das Letras, 1997); Felicidade (Cia. das Letras, 2002); O Valor do Amanhã (Cia. da Letras, 2005); O livro das Citações (Cia das Letras, 2008).

Com uma linguagem doméstica e simples que aborda a questão das trocas entre presente e futuro e posteriormente suas conseqüências, o livro “O valor do amanhã” é constituído de quatro partes interligadas, cada uma delas com cinco capítulos que se interagem e se completam entre si.

A primeira parte da obra de Giannetti se reserva a discutir a questão histórica das trocas temporais e os juros pagos ou recebidos através delas. Com exemplos de diferentes espécies de seres vivos e seus variados tipos de metabolismos, o economista busca ilustrar esta parte para a melhor compreensão dos leitores. Aumentasse o enfoque a medida que o autor nos retrata as escolhas que tomamos frente a situações de necessidades e carências; comer a fruta verde e saciar a vontade momentânea mesmo que esta venha a causar um dano a saúde, ou esperar que a fruta amadureça, podendo colhe-la com uma aparência muito mais saborosa?

A segunda parte se encontra centrada nas escolhas temporais dos ciclos de vida dos seres humanos. Para que isso aconteça o autor usa elementos diferenciados para ilustrar suas idéias, assim como ocorre na primeira parte do livro. Quando crianças, nós seres humanos, não temos claramente o pensamento de poupar, e por isso parecemos desfrutar eternamente de algo que é apenas momentâneo, fato que ocorre com as pessoas mais idosas, não pela ingenuidade, mas sim por aproveitamento do que pouparam durante toda a vida. Já os jovens e adultos pensam o contrário e tentam economizar durante seus ciclos, pois sabem que ainda terão uma vida inteira pela frente. Em sumo o valor do futuro é função das expectativas e de tudo o que se pode esperar dele.

A busca por estimular uma reflexão sobre a idéia de “agir no presente tendo em vista o futuro” se encontra na terceiro parte. Nesta passagem Giannetti nos revela um método com três elementos básicos para poupar de forma correta e eficiente; são eles: a antevisão, a qual tem como objetivo o estudo e observação do tempo e estado; a estratégia, que reúne soluções para os problemas observados; e a implementação dos planos, que seria a execução das idéias produzidas. Para que tudo isso aconteça é preciso de um longo processo de educação, pois a preocupação excessiva com o amanhã gera desconforto e pode sufocar o sentido de viver. A terceira parte vem ao fim com o pensamento de que o tempo não pode ser poupado e nem comprado como o dinheiro e por isso o uso adequado do tempo deve ser devidamente calculado.

Por fim, porém não menos importante, a quarta parte se preocupa em transmitir o ditado de que nenhuma sociedade sobrevivera se não for capaz de transferir uma quantidade mínima do presente ao futuro. Nesta parte são acrescentadas pelo autor duas visões paralelas: uma delas descreve que houve um tempo em que o metabolismo entre sociedade e natureza estava restrito apenas ao consumo dos recursos que a natureza produzia espontaneamente e que devido a isso a idéia de guardar uma parcela desses recursos era ainda mais discutida; e a outra apresenta justamente o outro lado que retrata a domesticação de plantas e animais, mostrando que os processos industriais e produtivos nos proporcionam uma maior segurança alimentar, deixando o homem cada vez mais despreocupado. Segundo Giannetti uma domesticação externa acarreta mudanças ainda maiores no ser interno do homem, que recebe determinadas conseqüências conforme seu modo de vida.

De um modo geral o autor nos lembra que a decisão de adotar uma postura critica, de procurar a verdade e de valorizar o máximo o tempo, o dinheiro, os juros e o lucro, indiferente a quantidade que seja, é uma decisão livre de cada um, porém que deveria ser adotada por todos nós. Alerta-nos que determinadas escolhas geram conseqüências que poderão ser consideradas desejáveis ou indesejáveis pelo sujeito ou até mesmo por uma comunidade.

Com sólidos conhecimentos a cerca do desenrolar econômico–social, o autor empenhasse em apresentar clara e detalhadamente as circunstâncias e as características das pesquisas econômicas, por mais domésticas que estas sejam, levando-nos a compreender as idéias básicas das várias linhas da economia e também a descobrir novas maneiras de se interpretar o presente e os anos futuros.

Em suma podemos concluir dizendo que os exemplos citados amplamente por Eduardo Giannetti, nos auxiliam na compreensão das atividades de trocas intertemporais e nos possibilitam analisar e confrontar com várias posições, a fim de chegarmos à nossa própria fundamentação teórica a respeito do tema.

UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE
HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL
PROFESSORA: GELTA MADALENA JONCK PEDROSO
ALUNO: HENRIQUE SPÄTH

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