Emerson Macedo*

O crescimento pela produtividade
“Realizar um diagnóstico da situação atual e traçar planos com objetivos de curto e médio prazo com ganhos imediatos são, geralmente, o ponto de partida para essa jornada rumo a um novo patamar de eficiência e produtividade.”

O aumento da produtividade é um desafio para a competitividade e o crescimento do Brasil. Burocracia, baixa qualificação profissional e inadequação dos modelos de gestão estão entre os fatores que afetam negativamente a produtividade e entravam a competitividade das empresas brasileiras.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a produtividade do nosso país está estagnada há três décadas, sendo que,  nos anos 80, encolheu 1,35% anualmente e continuou reduzindo à média de quase 1% ao ano na década seguinte. Entre as causas dessa realidade estão dificuldades enfrentadas pelas empresas, como a inadequações nos seus modelos de gestão, baixa capacitação profissional, acesso limitado (e caro) à tecnologia e fluxo ineficiente de informação, influenciadas ainda por fatores como cultura corporativa e estrutura das empresas. Produtividade não deve ser encarada simplesmente como mais quantidade, mas também maior qualidade e eficiência.

Por outro lado, a situação é agravada por fatores externos, como burocracia, problemas com as áreas de infraestrutura, custo elevado dos fatores de produção e tecnologia e a insegurança jurídica, dentre vários outros, que também contribuem para esse efeito negativo.

Um dos principais inimigos da produtividade é o desperdício – de tempo, materiais, recursos produtivos e de investimento em tecnologias, não aproveitadas no máximo da sua capacidade. Alguns desses são tangíveis, ou aparentes, e são mais facilmente identificáveis, no entanto, os intangíveis (ocultos) são igualmente ou mais relevantes.

Para reverter o quadro, os empresários precisam investir em qualificação e profissionalização e melhoria da gestão, por meio de processo contínuo que gere resultados concretos. Para buscá-la, as organizações podem desenvolver e implantar um programa permanente de melhorias, que deve ser norteado por indicadores claros de produtividade e acompanhamento constante de resultados, objetivamente auferidos e analisados. É natural que, quando os resultados positivos começam a ser sentidos, e melhor ainda, quando são efetivamente medidos, ganham-se incentivo e coragem para seguir adiante e fazer as necessárias mudanças.

Realizar um diagnóstico da situação atual e traçar planos com objetivos de curto e médio prazo com ganhos imediatos (os chamados ‘quick wins’) são, geralmente, o ponto de partida para essa jornada rumo a um novo patamar de eficiência e produtividade, tanto nas áreas produtivas, como nas áreas de apoio e administrativas. Revisar, simplificar e padronizar processos, estabelecer programas de treinamento e desenvolvimento continuado para o quadro funcional, investir em desenvolver ou buscar novas tecnologias e soluções para sistemas de gestão, revisar a estrutura de controles internos e o fluxo de informações são ações que estão ao alcance de praticamente todos os empreendedores, mesmo que para iniciar esses processos precisem de algum apoio externo.

Paralelamente, os governos precisam ser parceiros desse projeto de crescimento do Brasil. É necessário um novo olhar sobre a burocracia, que compromete, por exemplo, a agilidade na abertura de uma empresa, processos de tributação com suas obrigações acessórias, fomentar o aumento da qualificação profissional através de maior e melhor acesso a cursos de formação profissionalizantes, entre tantas outras iniciativas que residem na esfera pública.

É hora de avaliar a evolução da produtividade brasileira nos últimos anos, comparando-a com o que está ocorrendo em outros países, identificando os fatores que afetam a eficiência dos diferentes setores. Somente assim o País poderá crescer de maneira consistente e sustentável.

* Emerson Macedo é sócio da PwC Brasil.

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