A crise financeira internacional fez com que mais mulheres deixassem de lado o trabalho não remunerado, muitas vezes como o de dona de casa, e buscassem uma vaga no mercado do trabalho para complementar a renda familiar.

A avaliação é do economista Carlos Henrique Corseuil que apresentou nesta quinta-feira (23) a análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre dados do mercado de trabalho compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado.

O documento mostra que entre 2008 e 2009 a participação de mulheres entre os ocupados e desocupados, a População Economicamente Ativa (PEA), passou de 48,8% para 49,7%, enquanto a participação dos homens se manteve estável desde 2008, em 69,9%.

“Em época de crises, é comum observar outros membros dos domicílios indo complementar a renda. Uma mulher que não tinha uma ocupação porque eventualmente não precisava, no momento de crise, passou a procurar uma”, afirmou o economista.

O aumento de mulheres na PEA também contribuiu para o crescimento do contingente de desocupados no país, que não foram totalmente absorvidos pelo mercado de trabalho no período. Dessa forma, a taxa de desemprego fechou o ano em 9,1% – a maior desde 2005.

Por outro lado, segundo o Ipea, 715 mil pessoas incrementaram a população ocupada em 2009, que fechou o ano em 86,7 milhões de trabalhadores, um aumento de 0,8% em relação a 2009. O número absoluto está abaixo da média, que é de 1 milhão de trabalhadores a mais por ano.

“Esta diminuição do ritmo de crescimento da população ocupada parece ser reflexo da crise financeira de 2008-2009”, reforça o comunicado, informando que, no ano passado, foi registrado o menor aumento da década da taxa de crescimento dos ocupados. Em média, entre 2001 e 2009, o avanço do indicador foi de 2,3% ao ano.

Isabela Vieira / Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo

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