O investimento estrangeiro direto, que vai para o setor produtivo da economia, de US$ 3,534 bilhões, em maio deste ano foi o melhor para o período na série histórica do Banco Central (BC) iniciada em 1947. O resultado superou a projeção do BC, que era de US$ 1,6 bilhão.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, havia a expectativa de um investimento da indústria química para junho, mas os recursos entraram no final de maio. Isso explica o fato de a estimativa para maio ter ficado tão distante do resultado.

Neste mês, a entrada desses investimentos não será tão forte. Em junho, até hoje (22), o investimento direto soma US$ 900 milhões e a expectativa para o mês todo é de US$ 1,5 bilhão. De janeiro a maio, o investimento estrangeiro direto somou US$ 11,414 bilhões.

A projeção do BC para o ano foi revisada de US$ 45 bilhões para US$ 38 bilhões. De acordo com Altamir Lopes, a redução deve-se à mudança na expectativa de crescimento mundial.

“Tínhamos uma expectativa bastante positiva quando projetamos as contas para 2010 e estamos revisando para baixo, por força de uma retomada menos intensa do que imaginávamos no final do ano passado para a economia mundial”.

Pelo mesmo motivo, também mudou a projeção para investimento brasileiro no exterior, de US$ 12 bilhões para US$ 15 bilhões.

No caso dos investimentos estrangeiros em ações negociadas no Brasil, o total ficou em US$ 5,224 bilhões, de janeiro a maio. A aplicação em títulos de renda fixa no país somou US$ 7,890 bilhões. Segundo dados do BC, esses resultados mostram retomada a patamares registrados em 2008, quando no período de janeiro a maio houve ingresso de US$ 5,443 bilhões em ações negociadas no  país e de US$ 9,263 bilhões direcionadas para a renda fixa.

Nos dados preliminares neste mês, até hoje (22), o investimento estrangeiro em ações negociadas no país somou US$ 1,419 bilhão e em renda fixa ficou em US$ 1,064 bilhão.

O investimento estrangeiro direto e em carteira (ações e renda fixa) foi suficiente para cobrir o déficit em conta corrente de US$ 18,748 bilhões registrado de janeiro a maio deste ano.

“Temos fontes de financiamento bastante seguras como o investimento estrangeiro direto e em portfólio [ações e renda fixa] que vem se comportando de maneira bastante forte e com taxas de rolagem [de empréstimos] bastante elevadas dando sustentação ao resultado deficitário em transações correntes”.

Lopes acrescentou que o déficit em transações correntes é “puxado” pelo resultado negativo da conta de viagens internacionais (saldo de despesas de brasileiros no exterior e receitas de estrangeiros no Brasil), gastos com aluguel de equipamentos e com transportes.

“No que diz respeito a rendas, a piora deve-se a menores receitas relacionadas a juros. Com a redução das taxas de juros internacionais, as receitas relativas a aplicações das reservas [internacionais] e também de empréstimos do setor privado brasileiro ao exterior são remuneradas a taxa mais baixa e isso gera receitas mais baixas”, explicou.

Kelly Oliveira / Agência Brasil
Edição: Tereza Barbosa

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