Instabilidade dos emergentes será longa, mas não haverá crise
O ritmo de crescimento das economias emergentes está lento e deve permanecer assim pelos próximos anos. No entanto, não há risco de recessão, dizem especialistas consultados pela BBC. Ainda que a fuga de capitais esteja sendo comparada à crise cambial do final dos anos 1990, ela não deve gerar tanta turbulência porque, hoje, os países em desenvolvimento estão mais preparados, acreditam.
De acordo com o ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central (BC), Alexandre Schwartsman, o que tem provocado a saída de recursos desses países e causado essa instabilidade é o cenário econômico vivido atualmente por cada um: inflação elevada e saldo negativo na troca de bens, serviços e rendas com outros países.
No entanto, na visão de Schwartsman, há um pouco de exagero na visão do mercado com relação ao rumo dessas economias, “mas isso sempre ocorre”, diz. “Primeiro, é um ‘barata voa’, pois ninguém sabe onde vai parar”. E complementa: “Mas alguns países não vão conseguir voltar [da instabilidade]”.
A segurança dos emergentes, acredita Schwartsman, está nas elevadas reservas internacionais, no câmbio flutuante e no endividamento externo menor.
O diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, enxerga uma ‘reprecificação’ na economia mundial. Isso ocorre, na visão dele, pela mudança da política monetária nos Estados Unidos, o que aumentou o fluxo de recursos para o país, desvalorizando as taxas de câmbio dos emergentes e obrigando um reajuste das taxas de juros nestes países.
É esse processo que tem causado instabilidade na parte do mundo em desenvolvimento, segundo Ramos: com a desaceleração da economia chinesa e a redução dos estímulos monetários nos EUA causado pela recuperação do país, sobram menos recursos para os emergentes, já que o Fed (Banco Central norte-americano) deixou de injetar dinheiro pelo mundo.
Para o chefe de pesquisas para mercados emergentes Tony Volpon, da corretora japonesa Nomura, mesmo que a mudança de atuação do Fed tenha sido anunciada há meses, a instabilidade acontece porque não se pode ter certeza de como essa nova política vai impactar no mundo e na recuperação da economia dos EUA.
Com informações do portal G1.
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