Inadimplência cresce e consumo cai pela primeira vez em 20 meses
A inadimplência do consumidor no comércio cresceu 0,72% em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado. É o primeiro aumento após quatro meses de queda. Em relação a julho deste ano, houve alta de 1,34% no calote. As vendas a prazo tiveram retração de 0,62% frente a agosto de 2012, o primeiro recuo registrado em 20 meses. Na comparação com julho, subiram 0,80%.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 10, pela Câmara Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que coordena o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). De acordo com o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Jr., o endividamento está contribuindo para o consumidor colocar o pé no freio. Pellizzaro informou que a entidade voltou a revisar a estimativa de crescimento das vendas do varejo para 2013. A previsão inicial, de 6%, foi ajustada para 4,5% há dois meses e agora está em 4%. Para a CNDL, a inadimplência terá novas altas nos próximos meses e só apresentará recuo próximo às festas de final de ano.
“Os indicadores estão confirmando o que vínhamos observando desde o início do ano e agora se concretiza. Nosso indicador mede a venda com utilização do crédito. O crédito, como fomentador, vem perdendo força. É muito fruto do comprometimento do orçamento”, disse Pellizzaro. Segundo ele, o cenário não é considerado de todo ruim. “[O cuidado do consumidor em não fazer novas dívidas] vai permitir que, no futuro, a sustentação do crescimento seja em base firme.” Para ele, haveria problema se a liberação de crédito fosse feita de forma pouco criteriosa.
A CNDL preocupa-se, no entanto, com o desempenho de fatores como juros, renda e emprego. De acordo com Pellizzaro, além do receio do consumidor em contrair mais débitos, a elevação pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central da taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 9%, é outro fator que restringirá as compras a crédito. “Tudo está indicando que [a elevação dos juros] vai continuar. Deve impactar o fim do ano”, avaliou.
Para Roque Pellizzaro, o aumento do salário mínimo, que no próximo ano deve ficar em R$ 722,90, foi modesto. A CNDL acompanha com atenção, ainda, os resultados do Cadastro Geral de Empregados e e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. “A coluna emprego é pilar para manutenção de vendas. Se o Caged vier mais uma vez ruim, mostrará uma tendência”, opinou Pellizzaro.
Mariana Branco / Agência Brasil.
Edição: Nádia Franco.
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