Grupo do Bric avalia não usar dólar no comércio entre Brasil China, Índia e Rússia, segundo Meirelles
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse hoje (27) que há estudos para uma eventual substituição do dólar norte-americano no comércio entre os países que formam o Bric (Brasil, Rússia, China e Índia), a exemplo do que já está em andamento com a Argentina e o Uruguai.
Meirelles não especificou como a alteração funcionaria. Apenas comentou rapidamente sobre essa possibilidade, em resposta a questionamento feito durante reunião da bancada do PMDB, na Câmara dos Deputados, para comemorar a recente filiação do presidente do BC ao partido. No encontro, ele fez palestra sob o tema Brasil: Superação da Crise e Retomada do Crescimento.
Ele ressaltou que já funciona entre o Brasil e a Argentina um sistema de pagamento em moeda local (SML), que permite aos exportadores dos dois países liquidarem suas operações em real ou em peso argentino, dependendo do interesse dos envolvidos na comercialização. Sistema que está em fase de implantação também entre o Brasil e o Uruguai.
As vantagens do uso de moedas locais nas operações bilaterais de compra e venda começam pela redução de custos da operação, por não pagar comissão na conversão de uma terceira moeda – no caso, o dólar, que é a moeda comercial em todo o mundo. A alternativa também provoca aumento de liquidez e de eficiência do mercado de câmbio nas moedas locais, de acordo com informe do BC, na semana passada, quando anunciou a carta de intenções Brasil-Uruguai sobre o SML.
O sistema bilateral de pagamentos é mais uma contribuição para o processo de integração econômica entre as nações envolvidas e ajuda a consolidar os vínculos de cooperação entre os bancos centrais, além de consolidar o fortalecimento do Mercado Comum do Sul (Mercosul), no caso do Brasil, da Argentina, do Uruguai e Paraguai, que será incluído na nova sistemática em futuro próximo.
Não há legislação específica a respeito do sistema de pagamento em moeda local. Trata-se, na realidade, de uma concessão, pelos governos, de uma outra maneira de realização das transações comerciais bilaterais, com mais facilidade, a ser usada voluntariamente, a critério do interesse dos importadores e exportadores.
Questionado por deputados do PMDB e por jornalistas, que queriam saber sobre seu futuro político, o presidente do BC disse que assumiu compromisso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de continuar à frente da autoridade monetária até março do ano que vem. “Até lá, estou totalmente focado, 100% dedicado ao Banco Central”, garantiu Meirelles, adiantando que uma possível candidatura será analisada só na segunda quinzena de março.
Agência Brasil / Stênio Ribeiro
Edição: João Carlos Rodrigues
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