Fazer um investimento

Logo que começamos a nossa série de educação financeira, explicamos o que são investimentos, como eles funcionam e que podem ser fixos e variáveis. Claro que, naquele momento, o objetivo era fazer você entender que eles existem e que não se resumem à poupança. A partir de agora, vamos nos aprofundar um pouco mais no assunto, começando por mostrar o que é preciso saber antes de fazer um investimento.

Aliás, precisamos deixar claro que quando falamos em investimento aqui, estamos falando das aplicações em produtos financeiros. Compra de imóveis, planos de previdências, consórcios ou investimento em negócios em busca de dividendos não entram nessa etapa na nossa série.

Outro ponto que você precisa entender logo de cara é que não precisa de muito dinheiro para se tornar um investidor. Há alguns produtos oferecidos por bancos e corretoras cujo investimento inicial é R$ 100. Sem falar da poupança, claro, que pode ser iniciada com R$ 5.

Com esses pontos esclarecidos, vamos ao assunto do texto de hoje. Então, siga com a gente e venha entender o que você precisa saber antes de fazer um investimento.

O que você precisa saber antes de fazer um investimento

Para nos ajudar com essa questão, vamos recorrer ao Portal do Investidor, desenvolvido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Essa autarquia tem a função de disciplinar o funcionamento do mercado de valores mobiliários e a atuação de seus protagonistas. É ela, por exemplo, que diz como a bolsa de valores deve funcionar e como as grandes empresas de capital aberto devem vender suas ações. Melhor referência impossível, certo?

No Portal do Investidor, encontramos várias informações para quem quer dar os primeiros passos rumo aos investimentos, mas não sabe por onde começar. Para facilitar a sua caminhada, separamos três aspectos bastante importantes que você precisa saber antes de investir. Veja quais são eles:

1 – Conheça o seu perfil de investidor

Assim como cada produto financeiro disponível no mercado tem suas próprias características, cada investidor tem um perfil, que pode ser: conservador, moderado ou arrojado (agressivo). Por isso, a análise de perfil é fundamental para que o investimento seja realizado de forma consciente e compatível com os objetivos do investidor.

Entenda melhor as características de cada um dos perfis:

  • Conservador: privilegia a segurança e faz todo o possível para diminuir o risco de perdas, aceitando, inclusive, uma rentabilidade menor.
  • Moderado: procura um equilíbrio entre segurança e rentabilidade e está disposto a correr algum risco para que o seu dinheiro renda um pouco mais do que as aplicações mais seguras.
  • Arrojado: favorece a rentabilidade e é capaz de correr grandes riscos para que seu investimento renda o máximo possível.

Descobrir qual é o seu perfil pode ajudá-lo a escolher o investimento mais adequado, pois vai servir como uma orientação, um norte na hora de tomar uma decisão. Sobre descobrir em qual deles você se encaixa, não se preocupe com isso. Geralmente, os bancos e as corretoras, que são as instituições que oferecem os investimentos (falaremos sobre elas mais adiante), fazem um teste para descobrir o seu antes de iniciar qualquer procedimento.

Além de descobrir o seu perfil de investidor, também é necessário tomar algumas precauções gerais, tanto antes quanto ao longo do investimento, como:

  • Verificar se a instituição que o oferece o investimento tem registro na CVM;
  • Ler atentamente o regulamento e/ou o prospecto (contrato) do investimento;
  • Informar-se sobre os custos incidentes, tais como taxa de administração, taxa de custódia, taxa de performance, entre outros;
  • Conhecer a estratégia do administrador e os riscos assumidos;
  • Pesquisar a reputação das instituições envolvidas.

Sabemos que nestes tópicos há alguns termos que ainda não falamos aqui no blog, mas pode ficar tranquilo que neste texto e nos próximos, explicaremos todos eles. Falar de investimentos não é algo fácil e com certeza não vamos esgotar o assunto todo aqui no blog, mas queremos, pelo menos, que você saiba do que se trata e que também existe essa opção para fazer o seu dinheiro render.

Agora, vamos ao segundo aspecto que você precisa saber antes de fazer um investimento.

2 – Tenha objetivos para o seu investimento

Não importa qual é o seu objetivo, o importante é que você tenha um. E não pense que precisa ser algo mais imediato e palpável, como comprar um carro ou fazer aquela viagem do sonho. Você pode fazer um investimento pensando no futuro, como guardar dinheiro para garantir uma boa educação para os filhos ou ter uma reserva extra para quando parar de trabalhar.

Saber como você pretende utilizar seu dinheiro no futuro é um passo importante para a escolha do tipo de investimento. Isso porque objetivos diferentes podem implicar modalidades distintas de aplicações. Agora que você já sabe o que quer fazer, vamos ao próximo aspecto importante.

3 – Estabeleça o prazo de aplicação

Definido o seu objetivo, fica mais fácil saber em quanto tempo você vai precisar ter o dinheiro em mãos, ou seja, sua necessidade de liquidez. Se a meta é comprar uma casa e você está começando a formar seu patrimônio, provavelmente serão necessários alguns anos. Por outro lado, se o objetivo é viajar daqui a um ano, você precisa de investimentos de maior liquidez e não vai tolerar aplicações de alto risco que possam ameaçar seu propósito.

O prazo da aplicação é um fator decisivo na definição do investimento mais apropriado, pois o tempo em que o recurso ficará aplicado poderá influenciar na rentabilidade e até na tributação (sim, sobre a maioria dos produtos financeiros incidem impostos e isso deve ser observado na hora de escolher).

Os componentes do investimento

Entendendo os aspectos que destacamos, você já está preparado para fazer um investimento. Diante disso é importante buscar por uma aplicação que atenda às suas necessidades. Só que para isso, primeiro, é preciso conhecer as três características dos investimentos: liquidez, risco (oposto de segurança) e rentabilidade. Vamos conhecê-las melhor:

  • Liquidez: refere-se à capacidade de um investimento ser transformado em dinheiro, a qualquer momento e por um preço justo. Por exemplo, o ativo mais líquido que existe é o próprio dinheiro. Fundos de aplicação em renda fixa e caderneta de poupança, com resgate imediato, são considerados produtos com alta liquidez. Já investimentos de renda variável e com prazos mais extensos têm uma liquidez mais baixa.
  • Risco: é a probabilidade de ocorrência de perdas. Quanto maior o risco, maior a probabilidade de o investidor incorrer em perdas. Dependendo do investimento, podemos ganhar ou perder pequenos ou grandes valores. Exemplos de investimentos de menor risco são a caderneta de poupança e o tesouro direto, desde que você fique de posse do título e o desconte na data de seu vencimento, enquanto as ações são consideradas investimentos de maior risco.
  • Rentabilidade: é o retorno, a remuneração do investimento. Quando fazemos um investimento, temos uma expectativa de rentabilidade que pode se concretizar ou não. Em geral, quanto maior a rentabilidade prometida, maior o risco de perder a quantia aplicada. Em outras palavras, o que ganhamos em segurança, perdemos em rentabilidade e vice-versa. Então, antes de escolher, compare a rentabilidade prometida com a média do mercado e desconfie de promessas muito boas.

Compreender bem essas características é fundamental para entender as questões que vamos levantar sobre investimentos nos próximos textos aqui do blog. Então, guarde bem esses conceitos!

Onde fazer um investimento: banco ou corretora?

Para fechar o primeiro texto sobre investimento da nossa série de educação financeira, vamos apresentar para você os dois lugares onde se pode fazer um investimento: o banco ou a corretora. Não vamos entrar em muitos detalhes sobre qual deles é melhor e nem citar nomes, mas vamos levantar algumas comparações. Assim, você mesmo pode analisar e ver o que faz mais sentido para as suas finanças.

Claro, nossa dica principal continua a mesma: não caia na conversa dessas “financeiras de esquina” que oferecem milagres. Esse tipo de coisa não existe no mercado financeiro. Como já diriam nossos pais quando éramos pequenos: dinheiro não dá em árvore. Então, na hora de escolher, sempre verifique se o banco ou a corretora tem um nome reconhecido como confiável e íntegro e, na dúvida, peça referências para pessoas que você confia.

Dito isso, vamos às nossas comparações entre bancos e corretoras:

  • Diversidade de opções: Geralmente as corretoras disponibilizam mais alternativas que o bancos, pois podem oferecer opções de vários bancos diferentes. Os bancos restringem as ofertas a seus próprios produtos, especialmente para o segmento de menor renda.
  • Rentabilidade: Nos bancos comerciais, os produtos com alta rentabilidade estão disponíveis para os clientes que investem na casa das centenas de milhares ou dos milhões. Já nas corretoras, esses mesmos investimentos estão disponíveis para os segmentos de menor renda.
  • Atendimento diferenciado: Tanto os bancos quanto as corretoras têm bons sites e a possibilidade de atendimento por chat e e-mail, mas nada que possa ser considerado diferenciado. Reunião presencial com um gerente de contas só investindo milhões mesmo.
  • Acompanhamento do investimento: A não ser que seja um serviço oferecido e você pague por isso, nem o banco e nem a corretora acompanham o seu investimento. Isso é um trabalho do próprio investidor.
  • Segurança: Em relação a isso, o nível é o mesmo para as duas instituições. O Tesouro Direto é garantido pelo Tesouro Nacional; a poupança, o CDB e a LCI, por exemplo, são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC); fundos são garantidos pelos ativos que contêm; ações e debêntures são garantidas pelas empresas que as emitem.

O importante aqui é comparar e ver qual instituição se encaixa melhor no seu perfil e nas suas necessidades. Hoje, alguns bancos já adquiriram partes de corretoras e conseguiram mudar alguns panoramas, como, por exemplo, a variedade na oferta de produtos. Pesquise, compare e escolha o que for melhor para as suas finanças.

Por hoje, ficamos por aqui. No próximo texto, vamos nos aprofundar um pouco mais nos tipos de investimentos e produtos financeiros. Daí, você vai entender melhor o que é Tesouro Direto, CDB, LCI, ações, entre outros. Continue com a gente n’O Economista e adquira cada vez mais conhecimento para melhorar ainda mais a sua vida financeira.

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