Os empresários do setor de hotelaria estão preocupados em aumentar a oferta de leitos em regiões estratégicas para a Copa do Mundo de 2014. Para a Associação Brasileira das Indústrias de Hotéis (Abih), a situação é mais preocupante no Rio de Janeiro e em cidades da Região Centro-Oeste, principalmente Brasília, onde a oferta de vagas já é menor que a demanda. Segundo o diretor da Abih, Fermi Torquato, a cidade do Rio de Janeiro tem praticamente a mesma quantidade de leitos – 46 mil – que todo o estado do Rio Grande do Norte, onde a demanda é muito menor.

Segundo ele, há ainda a preocupação com a modernização dos hotéis na Região Sudeste, ainda verticalizados e voltados para o turismo de negócios. “Na Região Nordeste houve um investimento nesse setor nos últimos 20 anos. Os hotéis já são mais modernos e voltados para o turismo de lazer, são horizontalizados e com espaços amplos. Já o Sudeste precisa se adequar a esse tipo de turismo”, explicou Torquato.

Mesmo assim, Torquato reconhece que cidades como Recife já enfrentam problemas para ampliar a rede de hotelaria porque não há mais áreas disponíveis para construção. Ainda de acordo com ele, uma alternativa para as cidades nordestinas – e também para o Rio de Janeiro – está no uso dos navios de cruzeiro, que têm equipamentos adequados e grande número de leitos para ofertar.

No Norte e no Centro-Oeste, onde não há hotéis suficientes e os que existem não atendem às exigências de segurança do mercado internacional, a situação é bem mais preocupante.

A expectativa da Abih é a de que, na Copa, as cidades-sede recebam turistas que estendam a viagem para outras cidades de apelo turístico. “Na Copa, o perfil é de famílias, que costumam demorar mais. É diferente do que acontece quando os jogos são na Europa, onde o turismo é volátil. Lá o turista assiste ao jogo e vai embora, não consome hotelaria. Aqui ele deve permanecer pelo menos uma semana”, explicou.

O legado dessas visitas é visibilidade e formação de mão de obra, de acordo com o diretor da Abih. Além disso, os jogos levarão investimentos que dificilmente chegariam a determinados locais do país.

O diretor do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimentos do Ministério do Turismo, Hermano Carvalho, garantiu que não faltará dinheiro. Segundo ele, estão reservados R$ 1 bilhão do Programa ProCopa – tocado pelo ministério – e mais R$ 1 bilhão dos fundos constitucionais do Norte, do Nordeste e do Centro Oeste para financiar o setor do turismo. “Esse investimento não abrange obras de infraestrutura, apenas o setor produtivo, como hotelaria, empresas aéreas e parques temáticos, entre outros”, explicou Carvalho.

Segundo o diretor, os empréstimos concedidos pelos fundos constitucionais – que podem ir apenas para os estados das regiões que representam – têm juros de 6,5% ao ano. No caso do Procopa, os juros são de 8,5% ao ano mais taxa de juros de longo prazo (TJLP). “A sustentabilidade do projeto e o fato de ele levar em consideração questões ambientais e socioeconômicas podem contribuir para a redução dessas taxas”. Ainda de acordo com Carvalho, a tomada de empréstimos este ano já ultrapassou os valores de todo o ano passado e cresceu 5% em relação ao mesmo período de 2009.

Mariana Jungmann / Agência Brasil
Edição: Vinicius Doria

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