Se os salários das mulheres fossem equiparados aos dos homens, o Brasil teria uma injeção de R$ 461 bilhões na economia. Essa é a conclusão de um estudo realizado em todo o país pelo Instituto Locomotiva. Essa equiparação envolveria a ampliação dos salários das mulheres, sem que os dos homens fossem diminuídos.

De acordo com o Instituto, um homem branco, de 39 anos, nascido em São Paulo, com escolaridade superior, ganha 68% a mais que uma mulher branca, da mesma faixa etária, com curso superior e nascida na mesma cidade.

O estudo revela também que existe um ciclo vicioso: homens ganham mais do que as mulheres; os brancos ganham mais que os negros; e a mulher negra é a que menos ganha. “Ganha menos por ser mulher e por ser negra.

Os dados analisados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E eles revelam que a renda média para um homem branco com curso superior alcança R$ 6.590, caindo para R$ 3.915 para a mulher branca na mesma condição. Já um homem negro com ensino superior ganha, em média, R$ 4.730, contra R$ 2.870 de uma mulher negra também com escolaridade superior. Os valores foram atualizados para outubro de 2016 pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Em relação aos cargos de chefia, entre 1995 e 2015, houve um crescimento de 135% no número de mulheres com carteira assinada. No entanto, apesar desse aumento, com o ingresso de 9,3 milhões de brasileiras no mercado, elas não conseguiram ainda alcançar um nível salarial condizente com suas aptidões.

O estudo também aponta que 21 milhões de homens acham justo a mulher assumir menos cargos de chefia. Isso porque, na visão deles, as mulheres podem engravidar e sair de licença maternidade. Por outro lado, 60% das brasileiras defendem que as mulheres deveriam ocupar pelo menos metade dos cargos de chefia nas empresas.

A naturalização do machismo é uma das principais causas dessa desigualdade. De acordo com o estudo, 15,4 milhões de homens concordam que o marido sempre deve ganhar mais que a esposa e dois em cada 10 brasileiros acham constrangedor a mulher ganhar mais que um homem. Já 72% das mulheres afirmaram que o homem se sente inferior quando a mulher é mais bem-sucedida profissionalmente que ele.

Segundo o estudo, 73% dos homens informaram conhecer alguma mulher que sofreu violência ou preconceito no trabalho e 43% das mulheres afirmaram ter sofrido pessoalmente por alguma dessas situações. Outro dado é que 24% dos brasileiros planejam se tornar empreendedores, abrindo um negócio próprio. Entre as mulheres, a motivação para isto é para ter horário mais flexível (33%), enquanto para 44% dos homens o objetivo é ganhar mais dinheiro.

Com informações da Agência Brasil