É grande o otimismo em relação à recuperação da economia latino-americana frente à crise internacional, de acordo com a Sondagem Econômica da América Latina, divulgada na segunda-feira (22) pela Fundação Getulio Vargas. O destaque na região, segundo os especialistas consultados, é o Brasil, que apresentou o melhor Índice de Clima Econômico (ICE), de 7,8 pontos, para uma média regional de 5,6 pontos, numa escala de um a nove, entre outubro do ano passado e janeiro deste ano.

O superintendente de Ciclos Econômicos da FGV, Aloísio Campelo, afirmou que o otimismo é grande em relação aos próximos seis meses. “Mas a gente nota que a avaliação sobre a situação atual ainda é desfavorável na maior parte dos países.”

O economista da FGV observou que os países mais dependentes dos Estados Unidos, como México, República Dominicana e Costa Rica, estão mais atrás na recuperação. Na Venezuela, o clima é de recessão. Ele disse que há um desânimo do investidor privado, e o petróleo — principal produto do país — tem recuperação lenta, porque a exportação depende da retomada do mercado internacional, “que está indo devagarzinho”.

Na América do Sul, os países que já tinham uma maior solidez no período pré-crise — Brasil, Chile, Peru e Uruguai — tiveram recuperação mais rápida. “O Brasil saiu muito bem, saiu muito rápido realmente e o clima econômico já está bom”. Campelo afirmou que no caso brasileiro a própria avaliação sobre a situação atual é boa.

“A gente já passou da fase de recuperação do consumo e está entrando na fase de realização de investimento. A maioria dos especialistas diz que os investimentos vão aumentar. Os outros países ainda não chegaram a essa fase, com exceção, talvez, do Chile, que estaria também pensando em expansão [dos investimentos]”, comentou.

Segundo Campelo, o cenário favorável traçado para o Brasil seria um chamariz para o investimento. Ele salientou, entretanto, que isso depende da disponibilidade, ou seja, da liquidez internacional. “O que precisa é manter os fundamentos macroeconômicos, trazer de volta o equilíbrio fiscal, fazer um esforço para voltar a ter superávits primários mais perto de 4% e não de 2%, que foi o caso de 2009. E, na área de inflação, manter a seriedade.”

Isso significa que, se houver um descasamento entre oferta e procura este ano por conta de uma aceleração de demanda interna que a indústria não possa acompanhar, o Banco Central deverá agir e manter uma sintonia fina para que a inflação permaneça próximo da meta, recomendou.

O cenário, frisou Campelo, é virtuoso, “a não ser que a gente comece a tomar medidas equivocadas doravante”. Com o cenário positivo para investimentos, a expectativa é de geração de empregos no Brasil. Ele informou que, por enquanto, apenas a indústria não retomou o patamar de empregos pré-crise. Já os setores de serviços e comércio apresentam expansão nessa área. “E a tendência é continuar com aumento da oferta de empregos nos próximos meses.”

A Sondagem Econômica da América Latina de janeiro de 2010 consultou 139 especialistas de 17 países e foi realizada pela FGV em parceria com o Institute for Economic Research da Alemanha.

Alana Gandra / Agência Brasil

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