Direitos humanos não acompanharam os avanços econômicos do país
A garantia dos direitos humanos no Brasil não acompanhou os avanços feitos nos últimos anos nas áreas econômica e social, disse o secretário executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso), o sociólogo Emir Sader. De acordo com ele, a melhoria dos índices de desigualdade e pobreza e a piora nas estatísticas de violência e desrespeito aos direitos humanos no país é um paradoxo.
“Apesar da maior transformação democrática que o país já viveu, para a nossa decepção, os índices de violência pioraram. Brasil, Honduras e México estão entre países que avançaram socialmente, mas que estão entre os mais violentos. Isso quer dizer que estamos desaparelhados para expandir a cultura de direitos humanos”, informou Sader no seminário Por uma Cultura de Direitos Humanos, no Fórum Mundial de Direitos Humanos (FMDH), que ocorreu neste mês em Brasília.
Segundo ele, a violação de direitos humanos é uma questão que envolve fundamentalmente a educação e uma transformação estrutural da cultura de não violência.
“A cultura é assumir valores e colocá-los em prática na nossa vida. O que tem de mudar é a nossa capacidade de fazer chegar valores aos mesmos setores a que têm chegado os benefícios dos direitos sociais. Com esse avanço, há de estar a compreensão dos direitos humanos que vem com isso”, explicou.
Para Emir Sader, um dos problemas é exigir de professores, que não têm o reconhecimento devido, que sejam porta-vozes de temas civilizatórios a setores marginalizados historicamente.
A presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania de Cabo Verde, Zelinda Cohen, informou que a introdução de valores relacionados aos direitos humanos e à cidadania nas escolas do país foi uma experiência que deu certo.
“A escola é veículo primordial de introdução de valores em currículos escolares. A escola tem elevada penetração social. Começamos com conteúdo nos primeiros anos do ensino básico e, hoje, a experiência se estende ao secundário”, explicou Zelinda.
A representante do Centro da Educação para a Paz e o Desenvolvimento Galkayo (Gecpd, sigla em inglês) da Somália, Deqo Aden Mohamer, explicou que o objetivo do centro é ensinar o respeito aos direitos humanos a jovens mães somalis.
“Por meio delas, começamos a respeitá-los a no começo das gerações, por meio da criação, em casa”, disse Deqo.
Carolina Sarres / Agência Brasil.
Edição: José Romildo.
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