Demanda por títulos da dívida brasileira não diminuiu com a crise, diz governo
O agravamento da crise econômica internacional não diminuiu a demanda pelos títulos da dívida brasileira, disse, nesta terça-feira, 25, o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido. Ao comentar o resultado da Dívida Pública Federal (DPF) de setembro, o coordenador declarou que as taxas de juros dos papéis federais estão em queda, o que, segundo ele, indica que a procura pelos papéis está aumentando.
Os juros dos títulos prefixados com vencimento em janeiro de 2014, que estavam em 11,16% no início de setembro, caíram para 11,10% no fim do mês passado e atingiram 10,91% em 20 de outubro. Esses papéis atualmente são os mais vendidos pelo Tesouro Nacional.
O coordenador, no entanto, admitiu que a queda dos juros não é totalmente provocada pela procura dos investidores. Isso porque a diminuição da taxa Selic – que indica os juros básicos da economia – também interfere nas taxas dos papéis prefixados, que têm os juros definidos no momento da emissão.
Desde o fim de agosto, o Banco Central (BC) reduziu a Selic em 1 ponto percentual. As taxas dos títulos prefixados, no entanto, caíram apenas 0,25 ponto percentual. Garrido nega que essa diferença se deva à crise econômica externa, que retarda a queda dos juros dos papéis brasileiros.
Para o coordenador, os compradores dos títulos públicos brasileiros estão mais preocupados com fatores domésticos, como a expectativa de inflação e dos juros futuros, do que com a evolução da economia internacional. “O mercado já previa a queda da Selic e havia passado a pedir taxas menores antes mesmo de o Banco Central agir”, disse Garrido.
Em setembro, a participação dos estrangeiros na dívida mobiliária (em títulos) interna caiu de 11,75% para 11,29%. Em valores absolutos, o montante da dívida interna detido pelos investidores internacionais passou de R$ 198,9 bilhões para R$ 194,6 biilhões, a primeira queda desde fevereiro. O coordenador negou que essa redução esteja relacionada à crise externa.
“Essa variação de R$ 4 bilhões não é algo expressivo, mas uma flutuação normal do mercado. A tendência, no médio e no longo prazo, é a elevação do volume de títulos nas mãos de estrangeiros e do percentual de participação”, declarou Garrido.
Wellton Máximo/Agência Brasil
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