Déficit das contas externas ameaça estabilidade do Brasil nos próximos anos, diz Bresser
O economista Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda e da Administração, defendeu nesta segunda-feira (11) que o Brasil deveria passar por mudanças na política econômica para fortalecer suas contas externas contra uma eventual crise econômica internacional. Mas reconheceu que alterações só poderão ser viabilizadas após as eleições presidenciais, que ocorrerão neste ano de 2010.
“O presidente Lula não está convencido até hoje, e eu compreendo que não esteja, porque a política adotada pelo Banco Central contribui para a estabilidade da economia brasileira”, afirmou. “Concordo que esta política tem conseguido estabilidade de preços, mas não estabilidade macroeconômica.”
Segundo ele, a estabilidade macroeconômica exigiria que o país estivesse livre de crises por conta do aumento do déficit nas contas externas. O Brasil apresentou uma piora no saldo das contas externas, chamadas de transações correntes, que é a soma de exportações, importações e serviços como viagens internacionais. “Em 2011, estaremos candidatos a crise externa”, alerta Bresser, após participar da abertura do Programa Avançado Latino-Americano Para Repensar a Macroeconomia e o Desenvolvimento Econômico, realizado na sede da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Bresser Pereira mostrou-se totalmente contra manter a taxa de crescimento do país por meio de endividamento externo, que é uma forma de cobrir o déficit das contas externas. Pelos seus cálculos, a saída deveria ser combate ao gasto público e melhoria do sistema de arrecadação fiscal. Fazendo uma análise dos últimos quatro anos, ele afirmou que, até 2008, a gestão do governo federal manteve o gasto público sob controle.
Na previsão dele, a economia brasileira deve crescer algo em torno de 5% a 6% em 2010. Apesar dessa evolução, Bresser Pereira aponta que há uma condição desfavorável, porque diante do resultado de déficit nas contas externas o “país voltou a ter uma situação ideal para os países ricos em relação aos seus competidores em desenvolvimento, que é mantê-los fortemente endividados”.
Com base em estudos comparativos que fez sobre o desempenho econômico das nações, Bresser apontou que o Brasil poderia ter tido um crescimento mais expressivo. Para ele, foi medíocre o resultado diante de outros parceiros do chamado Bric (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China). Os chineses tiveram crescimento foi três vezes maior no ano passado e a Índia, duas vezes mais.
Agência Brasil / Marli Moreira
Edição: Enio Vieira
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