A crise financeira internacional que atinge, entre outros setores, o da exportação praticada por grandes empresas pode representar uma excelente oportunidade para os micro e pequenos empreendimentos. A avaliação é do analista de comércio exterior do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) Carlos Tavares. Ele participou como instrutor, nesta última semana, de um curso de capacitação em exportação voltado a micro e pequenos empresários de diversos setores do município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Durante dois dias, o grupo recebeu noções sobre a rede nacional de agentes de comércio exterior, acordos comerciais, incentivos fiscais, regimes aduaneiros e formação de preço. A iniciativa faz parte de um projeto coordenado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, em parceria com o ministério e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Rio de Janeiro (Sebrae-RJ).

“O Brasil não está sendo tão atingido pela crise como diversos países da Europa ou os Estados Unidos e a China. Além disso, as grandes empresas são as que mais sofrem com essa restrição de crédito [já que em geral necessitam de um volume maior de captação para desenvolverem seus projetos]. A pequena empresa tem maior mobilidade e, conseguindo pequeno volume de crédito, pode aproveitar essa fase para conquistar novos mercados”, afirmou.

Tavares acredita que muitos negócios de menor porte deixam de alavancar seus rendimentos porque não conhecem os procedimentos necessários para entrar no mercado internacional. Ele destacou, ainda, que não existe um ramo com maiores possibilidades de sucesso na venda para outros países, mas é preciso se adequar às exigências externas.

“O mercado internacional tem espaço para diversos setores, não há um específico com mais chances de dar certo. O que existe é uma série de normas e regras que os exportadores precisam conhecer. É possível exportar tudo, basta estar preparado para cumprir as exigências do mercado internacional”, acrescentou.

A microempresária Mônica Andrade, dona de uma pequena confecção de quimonos, conta que já recebeu encomendas do Canadá, de Portugal, dos Estados Unidos e da Finlândia. Apesar disso, até hoje não vendeu nenhuma peça para esses países por não saber como fazer para enviar legalmente os produtos.

“Aprendi muita coisa que vai ser bastante útil. Nunca exportei, apesar do interesse, porque tinha muito medo de não saber fazer certo e acabar trazendo um prejuízo para a empresa. Agora espero que dê certo”, disse Mônica, que participou do curso de capacitação em Nova Iguaçu.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apontam que existem hoje no Brasil cerca de 20 mil empresas que exportam. Aproximadamente metade é formada por micro e pequenos empreendimentos. Ao todo, no ano passado, o país contabilizou a exportação de R$ 197 bilhões. Desse montante, apenas R$ 3 bilhões são relativos aos negócios de menor porte, um volume ainda considerado pequeno, segundo Tavares.

Quem desejar obter informações sobre os procedimentos para exportar seus produtos, pode acessar o site www.portaldoexportador.gov.br.

Agência Brasil / Thais Leitão

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