A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) calcula que a mais recente crise financeira mundial, originada nos Estados Unidos, deverá levar pelo menos 9 milhões de pessoas à situação de pobreza e mais 5 milhões à de indigência na América Latina somente este ano.

No relatório Panorama Social da América Latina 2009, divulgado na quinta-feira (19), a Cepal prevê que a pobreza na região aumentará 1,1% e o nível de indigência crescerá 0,8%, na comparação com o ano passado. As pessoas em situação de pobreza devem passar de 180 milhões para 189 milhões (o equivalente a 34,1% da população local) e os indigentes de 71 milhões para 76 milhões, 13,7% da população.

Apresentado pela secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, o documento assinala que a quantidade de pessoas afetadas equivale a quase um quarto da população que havia superado a pobreza entre 2002 e 2008 (41 milhões de pessoas), graças ao maior crescimento econômico, à expansão do gasto social, ao crescimento demográfico e às melhorias na distribuição da renda.

Embora preveja que alguns países como o México irão experimentar médias de aumentos maiores em seus níveis de pobreza e indigência devido à diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) e à deterioração de empregos e salários, a Cepal acredita que, em termos regionais, o impacto será menor que o de turbulências anteriores, como a crise mexicana, de 1995, a asiática, entre 1998 e 2000 e a chamada crise “ponto.com” e da Argentina, respectivamente em 2001 e 2002.

Mesmo assim, de acordo Alicia Bárcena, os efeitos da crise irão impedir que a região elimine a pobreza extrema e a fome até 2015 conforme estabelece a primeira Meta de Desenvolvimento do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU).

O relatório também assinala a urgência dos países latino-americanos de investirem em um novo sistema de proteção social, adotando medidas que combinem o atendimento de urgência a uma estratégia de longo prazo, evitando a irresponsabilidade fiscal e o endurecimento da legislação trabalhista, aumentando a carga tributária de forma progressiva e redistribuindo os gastos sociais.

Agência Brasil / Alex Rodrigues
Edição: Aécio Amado

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