Crescimento entre 1995 e 2007 não se traduziu em melhorias salariais no Brasil, revela OIT
Os ganhos de produtividade proporcionados pelo crescimento econômico nos últimos 13 anos no Brasil não se traduziram em melhorias salariais. Isso foi o que comprovou levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado ontem (25).
Entre 1995 e 2007, constatou o estudo, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita – soma das riquezas produzidas no país no período dividida pelo número de habitantes – atingiu 16%. No mesmo período, no entanto, a renda média dos trabalhadores do país caiu 6%, passando de R$ 1.023 para R$ 956 mensais.
A combinação de queda na renda dos trabalhadores e de crescimento da economia fez a participação dos salários no PIB cair. De 2001 a 2007, apontou o relatório, esse percentual foi de 37%. Nos Estados Unidos, os trabalhadores detêm em torno de 75% do PIB.
O estudo, no entanto, revelou que a tendência mudou nos últimos anos, embora não o suficiente para recuperar as perdas na década anterior. De acordo com a OIT, a renda média dos trabalhadores ocupados no país voltou a subir desde 2004, crescendo 15,6% desde então.
Essa alteração de rumos, segundo a organização, deve-se principalmente à política de recuperação do salário mínimo. Atualmente em R$ 415, o salário mínimo aumentou 43% desde 2004. Em relação a 2000, o valor é 50% maior, o que mostra que o crescimento se concentrou nos últimos quatro anos.
Como o salário mínimo é vinculado a vários benefícios sociais, como a aposentadoria rural e a lei de assistência orgânica, a recomposição dos últimos anos teve efeito marcante na redução das diferenças sociais no Brasil. O estudo destacou que o Coeficiente de Gini, índice que mede a desigualdade de renda e no qual o zero representa a igualdade absoluta, caiu de 0,563 em 2000 para 0,528 em 2007.
Além da relação com as políticas sociais, o estudo apontou que o salário mínimo tem efeito significante na redistribuição de renda porque incide sobre as parcelas menos favorecidas da sociedade do país, como mulheres, negros, jovens, idosos e pessoas com baixa escolaridade. Quase 30% dos trabalhadores domésticos, que representam 17% da ocupação feminina no país, ganham um salário mínimo.
Apesar dos avanços na redução das desigualdades sociais, a OIT destacou que o Brasil não progrediu no combate às diferenças de gênero. No ano passado, as mulheres, em média, ganhavam 33,9% a menos que os homens no país.
Agência Brasil / Wellton Máximo
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