Condições econômicas dos EUA estarão “mais claras” em três anos, diz Bernanke
O presidente do Fed (Federal Reserve, o BC americano), Ben Bernanke, disse nesta sexta-feira que há três anos não seria possível imaginar o ambiente econômico e financeiro que os Estados Unidos enfrentam hoje, mas que, daqui a três anos, ele espera que as condições da economia estejam “significativamente mais claras”.
“Acho que é seguro dizer que poucos de nós poderiam ter visto, três anos atrás, o ambiente econômico e financeiro que agora enfrentamos. Prever as condições que que iremos enfrentar em três anos a partir de hoje é igualmente difícil, mas minha expectativa é de que as condições estarão significativamente mais claras”, disse, em discurso na convenção da ICBA (Comunidade Independente de Banqueiros dos EUA, na sigla em inglês), em Phoenix (Arizona).
Bernanke disse ainda que os supervisores do setor bancário precisam acompanhar de perto as práticas de pagamentos de compensações a executivos quando examinarem a solidez das instituições financeiras.
O presidente do Fed disse que “políticas de compensações projetadas de forma precária podem criar incentivos perversos que podem colocar em risco a saúde das organizações bancárias”.
O discurso de Bernanke chega dois dias depois de a autoridade monetária do país ter anunciado a elevação a US$ 1,250 trilhão nos recursos destinados para socorrer o mercado imobiliário americano. O banco informou que vai comprar outros US$ 750 bilhões em títulos lastreados em hipotecas. O Fed disse ainda que, visando colocar mais crédito em circulação entre as instituições privadas, vai adquirir até US$ 300 bilhões de títulos do Tesouro de longo prazo nos próximos seis meses.
Além disso, o BC americano elevou de US$ 100 bilhões para US$ 200 bilhões o valor para comprar papéis de dívida emitidos diretamente pelas três empresas hipotecárias que contam com apoio do governo –a Fannie Mae, a Freddie Mac e a Ginnie Mae. Assim, só os valores anunciados hoje somam US$ 1,15 trilhão.
“Essas compras pretendem melhorar as condições nos mercados privados de crédito (…) Em particular, elas vão ajudar a reduzir os juros que [as empresas hipotecárias Fannie Mae e a Freddie Mac] exigem sobre as hipotecas que adquirem ou garantem, com isso reduzindo a taxa com as quais emprestadores, incluindo bancos comunitários, poderão financiar novas hipotecas”, disse Bernanke.
Ele destacou que as ações do Fed ao longo da crise ajudaram “todos os segmentos do sistema financeiro” e a economia de modo mais amplo, mas que os efeitos dessas ações no longo prazo não estão claros. Analistas temem que a medida do Fed em expandir seus recursos –atualmente em US$ 2,07 trilhões, segundo o relatório mais recente– para implementar suas compras de papéis ligados aos mercados de crédito acarrete pressões inflacionárias consideráveis.
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