Retração na atividade industrial não representa o início de uma tendência de queda, avalia o economista da CNI, Marcelo de Ávila. Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil.

A retração na atividade industrial mostrada por indicadores referentes ao mês de maio não representa o início de uma tendência de queda, avalia o economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Marcelo de Ávila, responsável pela divulgação dos dados. De acordo com Ávila, a entidade atribui a interrupção do crescimento a um cenário de volatilidade das variáveis envolvidas e mantém suas projeções mais recentes quanto ao desempenho da indústria e da economia brasileira no ano de 2013.

A estimativa oficial da CNI é que o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e riqueza produzidos) industrial encerrará o ano com alta de 1%. Antes, era de crescimento de 2,6%. A estimativa de elevação do PIB do país também foi revista, de 3,2% para 2%. De acordo com Marcelo de Ávila, a entidade não vê motivos para alteração das previsões e por hora não trabalha com a hipótese de recessão econômica ou de desempenho negativo da indústria. O economista admite, no entanto, que o cenário demanda atenção.

“No segundo trimestre vai haver crescimento [da indústria]. O que nos preocupa mais é como vai ocorrer o segundo semestre”, destacou. Ávila ressaltou que a indústria voltou a acumular estoques, problema que havia sido superado no final do ano passado. “A dificuldade de consumo das famílias continua crescendo. Tem que desovar esses estoques e depois vai seguir o fluxo do aumento da demanda”, avaliou. O economista acredita que a redução dos estoques é possível e disse que a CNI não acredita em demissões em massa na indústria.

Um dos fatores para a retomada do consumo pode ser o recuo da inflação. “A gente não acredita que a inflação esteja fora de controle. A gente vê uma inflação mais elevada, mais pressionada. Acreditamos que os juros vão continuar subindo [para garantir o controle dos preços]”, declarou. Segundo o economista, a CNI trabalha com mais três crescimentos de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros da economia, a Selic, nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Isso levaria a taxa, que influencia as demais taxas da economia, a encerrar o ano em 9,5%.

Pesquisa sobre indicadores industriais divulgada nesta segunda-feira, 8, pela CNI mostrou que a atividade industrial perdeu fôlego em maio. O número de horas trabalhadas recuou 3,6% na comparação com o mês anterior. O faturamento também sofreu retração, de 0,5%. O emprego industrial teve queda de 0,2%. A utilização da capacidade instalada da indústria ficou em 82,9% em maio, 0,7 percentual a menos do que em abril.

Mariana Branco / Agência Brasil.
Edição: Juliana Andrade.

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