O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, afirmou, hoje (16), que o mercado imobiliário brasileiro está funcionando muito bem apesar da crise internacional, porque o setor é regulado basicamente pela caderneta de poupança e pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), cujos recursos não estão relacionados ao mercado externo e, conseqüentemente, à crise.

“Portanto, teoricamente, eles não têm nenhuma contaminação dessa crise. Nosso mercado funciona, como está funcionando, muito bem sem nenhuma influência externa. Recentemente, construímos um marco regulatório novo com defesas muito interessantes, com instrumentos e elementos modernos que estão funcionando”, disse depois de assistir um painel do seminário internacional O Seguro e o Desenvolvimento do Mercado Imobiliário, em São Paulo.

Ele, no entanto, não descartou a influência da crise no setor e disse que o mercado imobiliário poderá ser afetado de alguma forma. Segundo Simão, em primeiro lugar, a crise afeta o comprador, que adia a decisão de comprar um imóvel e, em segundo lugar, o construtor, na implementação de alguns projetos. “Isso já está acontecendo e nos faz prever uma redução da atividade a partir do ano que vem. Não sabemos ainda em que dimensão, profundidade. Não dá para avaliar ainda porque ainda não dá para medir o tamanho dessa crise. O fato é que ela é forte e vai ter algum impacto.”

Simão reforçou que o setor da construção está tentando minimizar os efeitos da crise internacional, manter os recursos disponíveis e fluindo normalmente, medida necessária para manter a atividade do setor. Ele ressaltou que essa é uma responsabilidade não só do setor, mas do governo e dos bancos conjuntamente. “O que não podemos deixar acontecer, de forma alguma, é uma crise de confiança no mercado. Essa pressão muito grande e a idéia de que o problema todo é no mercado imobiliário quando não é, a crise externa é muito mais financeira do que imobiliária apesar de que nos EUA pegou o mercado imobiliário violentamente, mas ela é uma crise de bancos.”

Simão acredita que não haja uma redução das linhas de crédito para habitação, mas está atento para o fato das construtoras e dos financiadores serem mais seletivos em seus projetos, até que a crise acabe ou até que possam dimensioná-la melhor. “Já está mais caro, os bancos já subiram os juros e não vemos razão nenhuma para isso porque os custos são os mesmos, mas é uma defesa, é uma forma de selecionar. Nós vamos lutar contra isso para que os bancos preservem, pelo menos, os empreendimentos que já estão em andamento para evitar problemas”, destacou.

Para o presidente da CBIC, o Brasil está bem preparado para enfrentar as turbulâncias do mercado financeiro e tem grandes chances de se sair bem da crise, captando boas oportunidades em todos os sentidos.

Agência Brasil / Flávia Albuquerque

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