O milho, o algodão e a soja modificados geneticamente são responsáveis por melhorias na produção de alimentos em todo o mundo há mais de duas décadas. A partir de agora, o Brasil levará esses benefícios também para o setor sucroenergético – responsável pela produção de energia a partir da cana-de-açúcar – e será pioneiro mundial da nova tecnologia. O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) inaugura seu novo Complexo de Laboratórios de Tecnologia, em Piracicaba (SP).

Os laboratórios são dedicados à busca por inovações em cana-de-açúcar, incluindo variedades de cana geneticamente melhoradas, sementes artificiais e marcadores moleculares. Segundo o presidente do Conselho de Administração do CTC, Luís Roberto Pogetti, essa é uma transição do “mundo antigo para o mundo moderno do desenvolvimento”. Dos 450 profissionais do complexo, 60% são pesquisadores. E para completar o conhecimento brasileiro, 20 são do exterior.

O investimento no laboratório foi de R$ 40 milhões. Parte dos recursos são do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Na realidade dos produtores da cana-de-açúcar, o barateamento, a simplificação e a eficiência no plantio são os principais benefícios da biotecnologia. O novo laboratório vai permitir o uso das  mais modernas tecnologias para gerar transformações genéticas em larga escala.

Segundo o diretor de negócios de melhoramento genético do CTC, William Lee Burnquist, a cana-de-açúcar modificada beneficiará o produtor com variedades mais produtivas, de maior teor de açúcar, tolerantes à seca e resistentes a pragas. A primeira dessas variedades, a cana resistente à broca (praga) deve chegar ao mercado em 2017. Com o uso da nova tecnologia, será possível evitar prejuízo de R$ 4 bilhões por ano.

Para tornar a cana mais resistente, será inserida uma proteína que não vai permitir o consumo pela broca. Isso significa menos inseticida, menos poluição ambiental, maior facilidade para o produtor e maior benefício para o país.

No caso de Marcadores Moleculares, o uso vai permitir a identificação de características desejáveis na cana-de-açúcar por meio da análise de seu DNA. Cada variedade tem um código de barras (molecular) único e com os marcadores é possível identificá-los. Isso também permite a realização de cruzamentos dirigidos, gerando variedades melhores em menos tempo. “Seremos capazes de reduzir o tempo de desenvolvimento de uma nova variedade, diminuindo ainda mais os atuais oito anos”, completou o diretor.

Ainda serão conduzidas, no complexo, pesquisas para o desenvolvimento de sementes artificiais de cana-de-açúcar. Inovação que promete revolucionar a maneira como se planta a cultura, proporcionando reduções de custo, melhoria da produtividade e simplificação operacional.

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