Brasil redescobre os encantos do BNDES, diz “Economist”
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) voltou a ter destaque no sistema financeiro brasileiro após sair de seu antigo nicho de trabalho –os empréstimos de longo prazo– para atuar em outras áreas, como o financiamento de capital de giro e os empréstimos para empresas brasileiras atuarem no exterior, disse nesta quinta-feira a revista inglesa “The Economist”.
Segundo a revista, a crença no bom trabalho do BNDES no financiamento à produção começou alta –ela fez uma analogia com Brasília, já que a capital do país foi concebida na mesma época do banco de fomento–, mas estava recuando com o tempo e voltou com força diante da crise financeira global.
Até alguns anos atrás, diz a “Economist”, o BNDES estava restrito ao financiamento de longo prazo, e a captação de recursos barata (via governo federal) e a falta de concorrentes fez o banco se tornar altamente lucrativo –atingiu ativos de R$ 277 bilhões e lucro de R$ 5,8 bilhões em 2008.
“Desde que o crédito se tornou escasso no Brasil, o banco acrescentou às suas funções a de financiador de projetos, e intensificou o fornecimento de capital de giro de curto prazo e financiamento às empresas que viram desaparecer suas linhas [de crédito] habituais”, informa a revista.
A “Economist” ressalta ainda que o BNDES, em outros tempos, liberava créditos com critérios muitas vezes políticos, “em nome de uma política industrial remendada”. “[O BNDES] está agora ajudando a financiar projetos para levar empresas brasileiras para o resto da América do Sul. Mas isso não é tanto uma demanda política, já que as empresas brasileiras estão em melhor forma”, aponta.
Apesar das novas atribuições do BNDES e dos demais bancos públicos no atual cenário econômico, a revista ressalta que essa não é a solução para o mercado de crédito, especialmente porque alguns setores econômicos politicamente fortes –como o agronegócio e a de construção– conseguem crédito subsidiado enquanto os demais pagam mais caro.
Folha Online
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