Embora a desigualdade da distribuição de renda no Brasil esteja em queda, tendo recuado 7% nos últimos seis anos, ainda faltam pelo menos 18 anos para o país se alinhar à média da desigualdade mundial. A avaliação foi feita ontem (22) pelo pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Ricardo Paes de Barros.

A taxa de redução da desigualdade no Brasil é consideradas uma das mais aceleradas do mundo, mas não suficiente, segundo o pesquisador, para colocar o país na média mundial.

“A nossa desigualdade é imensa. Mas, na velocidade que vamos, para fazer ela chegar à desigualdade registrada no mundo, ainda temos que repetir o nosso desempenho dos últimos seis anos. São três vezes, ou seja, 18 anos”, afirmou. “Estamos 24 anos atrasados, já tiramos seis.”

Segundo ele, a desigualdade no país ainda é um problema, apesar da queda nos índices ser “consistente”, puxada pelo aumento da renda dos mais pobres. Os 20% dos brasileiros mais pobres têm renda mensal de cerca de U$ 1,2 mil, enquanto a média de renda per capita no país é de U$ 8,4 mil.

Para Barros, o desafio da política social para os próximos anos é reduzir a desigualdade social elevando a renda obtida pelos mais pobres por meio do trabalho. Segundo o pesquisador do Ipea, os programas assistenciais como o bolsa família, além dos benefícios da previdência, não são saídas capazes de dar fim ao problema.

“O bolsa família oferece condições mínimas de a pessoa procurar um emprego, educar os filhos, mas é preciso uma política que dê oportunidade de aproveitar o potencial produtivo do cidadão, para que ele gere renda e saia da pobreza por seus próprios meios”, destacou.

De acordo com o Ipea, dentre 74 países sobre os quais há informações a respeito da evolução do coeficiente Gini (índice que mede a diferença entre os mais ricos e os mais pobres do país), menos de 25% conseguiram reduzir a desigualdade no mesmo ritmo que o Brasil (7%).

O progresso, no entanto, só fez o país subir cinco posições no ranking da desigualdade social, composto por 126 países. Assim, 113 países apresentam distribuição de renda menos concentrada que a do Brasil, embora 62% deles tenham renda per capita menor do que a brasileira.

Agência Brasil / Isabela Vieira

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