Bancos e indústrias avaliam impacto da crise japonesa na economia brasileira
O economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, disse que ainda é cedo para dimensionar os impactos do terremoto do Japão no setor financeiro do Brasil. Ele ponderou, entretanto, que o país asiático é um importante parceiro do Brasil, responsável por cerca de 5% dos investimentos estrangeiros diretos e 40% de participação nos títulos de médio e longo prazo. Segundo o economista, os reflexos da catástrofe natural tendem a ser maiores no curto prazo. “Normalmente, a gente tem um impacto muito grande nos mercados financeiros. Em geral, tem efeitos de curto prazo e, depois, se inicia o processo de recuperação”, explicou. Esses efeitos não devem, na avaliação de Sardemberg, ser suficientes para reverter o bom desempenho da economia brasileira ou causar algum tipo de recessão em nível mundial.
Entidades do setor produtivo também afirmaram não ter condições de medir, por ora, o tamanho do impacto da crise japonesa no Brasil. No entanto, em dois meses, as indústrias mais dependentes de peças e componentes japoneses, como a eletroeletrônica, deverão começar a ter problemas. “Ainda é cedo para dizer. Mas a nossa sensação é a de que, em 60 dias, teremos dificuldades. Pode até ter escassez de produtos ou aumento de preços. Mas ainda é precoçe afirmar. No entanto, o setor está buscando alternativas em outros países”, disse o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, Lourival Kiçula.
As duas principais montadoras japonesas de veículos instaladas no Brasil disseram que não sofrerão impacto relevante na produção. Segundo a Honda, o índice de nacionalização das motos fabricadas pela companhia é de 95%, enquanto a dos carros chega a 80%, o que afasta a possibilidade de enfrentar problemas com o fornecimento de autopeças.
A Toyota informou que o nível de nacionalização dos veículos que produz é de 80% e que tem estoques para quatro meses de produção. Além disso, afirmou que o pátio da fábrica de Indaiatuba (SP) está cheio.
Bruno Bocchini e Daniel Mello – Agência Brasil
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