Balanço de pagamentos – Julho de 2008

O balanço de pagamentos registrou superávit de US$2,4 bilhões em julho. As transações correntes apresentaram déficit de US$2,1 bilhões, acumulando, nos últimos doze meses, déficit de US$19,5 bilhões, equivalentes a 1,41% do PIB. O saldo comercial atingiu US$3,3 bilhões no mês, resultado similar ao de julho de 2007. No mês, a conta financeira apresentou ingressos líquidos de US$4,3 bilhões, destacando-se os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros em carteira e diretos que somaram US$4,2 bilhões e US$3,2 bilhões, respectivamente.

A conta de serviços foi deficitária em US$1,4 bilhão, resultado 10% superior ao apresentado no mesmo mês de 2007. O item viagens internacionais registrou despesas líquidas de US$838 milhões, aumento de 102,1% na mesma base de comparação, resultantes do crescimento de 60,7% nos gastos de brasileiros em viagens ao exterior e de 17,5% nos gastos de não-residentes em viagens ao Brasil. No período analisado, as despesas líquidas com transportes apresentaram elevação de 27,1%, somando US$359 milhões. Dentre os demais itens da conta de serviços, destacaram-se a elevação nas despesas líquidas de royalties e licenças, 28,9%, e em serviços de computação e informações, 11,2%. As remessas líquidas de aluguel de equipamentos, US$545 milhões, permaneceram estáveis no período. Os outros serviços registraram ingressos líquidos de US$987 milhões, 105,3% acima do resultado de julho de 2007.

As remessas líquidas de renda para o exterior alcançaram US$4,4 bilhões no mês, acréscimo de 37,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, resultante da elevação de 5% nas receitas e de 30,8% nas despesas. As saídas líquidas de renda de investimento direto e em carteira atingiram, respectivamente, US$2,8 bilhões e US$1,2 bilhão. As despesas líquidas com lucros e dividendos, incluindo investimentos diretos e em carteira, somaram US$3,1 bilhões, aumento de 49,2%. A despesa líquida com juros, US$1,3 bilhão, foi 14% superior em relação ao resultado de julho de 2007.

Os investimentos brasileiros diretos no exterior apresentaram saídas líquidas de US$412 milhões, em julho, compreendendo US$446 milhões em aquisição líquida de participação no capital de empresas no exterior e US$34 milhões de retorno líquido de empréstimos intercompanhia.

Os investimentos estrangeiros diretos somaram ingressos líquidos de US$3,2 bilhões no mês, acumulando US$30,1 bilhões nos últimos doze meses, o que representou 2,18% do PIB. No mês, os ingressos líquidos em participação no capital de empresas no país, incluídas as conversões em investimentos, somaram US$2,7 bilhões, enquanto os desembolsos líquidos de empréstimos intercompanhias totalizaram US$573 milhões.

Em julho, os investimentos estrangeiros em carteira registraram saldo líquido de US$4,2 bilhões, comparativamente a US$405 milhões no mês anterior. Os investimentos líquidos em ações foram negativos em US$157 milhões, sendo que as negociadas no país apresentaram remessas líquidas de US$3,8 bilhões, enquanto os recibos de ações de companhias brasileiras negociados no exterior registraram ingressos líquidos de US$3,6 bilhões. Os títulos de renda fixa negociados no País registraram ingressos líquidos de US$4,2 bilhões em julho. As amortizações líquidas de bônus negociados no exterior somaram US$229 milhões, resultantes de operações de recompra do Tesouro Nacional. As notes e commercial papers registraram ingressos líquidos de US$73 milhões, comparados às amortizações líquidas de US$300 milhões no mês anterior. Os investimentos líquidos em títulos de curto prazo atingiram US$326 milhões.

Os outros investimentos brasileiros no exterior resultaram em saídas líquidas de US$2,4 bilhões, compreendendo US$1,6 bilhão de redução de depósitos de bancos brasileiros no exterior e US$3,8 bilhões de constituição de ativos dos demais setores. A concessão líquida de empréstimos brasileiros a não-residentes alcançou US$403 milhões.

Os outros investimentos estrangeiros no País somaram saídas líquidas de US$750 milhões em julho. O crédito comercial de fornecedores registrou amortizações líquidas de US$2,4 bilhões, referentes, fundamentalmente, às operações de curto prazo. Os empréstimos somaram desembolsos líquidos de US$1,2 bilhão, dos quais US$979 milhões referentes a empréstimos de médio e longo prazos, com destaque para créditos de compradores, US$585 milhões, e de agências, US$265 milhões.

II – Reservas internacionais

As reservas internacionais cresceram US$2,7 bilhões, em julho, comparativamente ao observado no mês anterior, somando US$203,6 bilhões.

No período analisado, o Banco Central liquidou compras de US$1,7 bilhão no mercado doméstico de câmbio. Entre as operações externas, sobressaiu a receita de US$619 milhões obtida com a remuneração das reservas, enquanto as demais operações, que incluem, entre outras, variações de preço e de paridades, elevaram o estoque em US$421 milhões.

III – Dívida externa

A dívida externa total estimada para o mês de julho alcançou US$208,5 bilhões, aumento de US$3,3 bilhões em relação à posição estimada para o mês anterior. Desse total, US$166,1 bilhões correspondem à dívida de médio e longo prazos e US$42,4 bilhões, à de curto prazo. No período analisado, essas parcelas do endividamento externo cresceram US$639 milhões e US$2,6 bilhões, na ordem.

No mês, os principais fatores de variação da dívida externa de médio e longo prazos foram ingressos líquidos de Buyer’s, US$585 milhões; agências governamentais, US$265 milhões; empréstimos diretos, US$137 milhões; e Notes, US$75 milhões. Dentre as amortizações, destaquem-se as recompras do Tesouro, US$179 milhões, e as amortizações de Supplier’s, US$65 milhões. Contribuiu, ainda, para o resultado, a redução estimada de US$187 milhões da dívida externa em dólares, decorrente de variação por paridade.

Quanto à dívida de curto prazo, a variação em relação ao mês de junho deveu-se a ingressos líquidos de empréstimos e financiamentos, US$660 milhões, e ao aumento das obrigações em moedas estrangeiras dos bancos comerciais, US$2 bilhões.

Fonte: Banco Central

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