Baixo desemprego não considera aumento dos que não procuram trabalho
Com baixa procura por emprego, a redução na oferta de novas vagas não está sendo sentida. Foto: Agência Brasil.

O baixo índice de desemprego (4,7% em outubro, segundo o IBGE) mesmo em um momento economicamente frágil do país esconde algumas informações importantes sobre a realidade do mercado de trabalho brasileiro. O responsável por mostrar que há muito mais debaixo dos bons níveis de empregabilidade é o número de pessoas que procuram por trabalho. Segundo o próprio IBGE, não é o volume de postos que está aumentando, mas a quantidade de gente querendo ocupação que está diminuindo.

Isso faz toda a diferença no resultado da pesquisa, pois ela considera apenas a população economicamente ativa (PEA), que é o grupo de pessoas empregadas ou procurando trabalho. Quem não quer ou desistiu de fazer parte do mercado, não é contabilizado.

Esse universo de pessoas sem ocupação é bem variado e revela boas e más notícias. A boa, segundo especialistas, é o aumento da renda familiar, que permite, por exemplo, às mulheres ficarem em casa enquanto os maridos trabalham, ou aos filhos se dedicarem ao estudo enquanto os pais dão sustento ao lar.

Aliás, a quantidade de jovens buscando qualificação é alta. Muitos se afastam do mercado de trabalho para se dedicar exclusivamente aos estudos e até a cursos complementares pós-formação. A prova desse aumento no contingente de jovens buscando especialização pode ser percebida com o crescimento da adesão ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), por exemplo.

A má notícia dá conta do grupo chamado “nem-nem”. Ou seja, aquelas pessoas que nem estudam, nem trabalham: uma população crescente no Brasil. Sustentados na maior parte das vezes pelos pais, quando precisarem trabalhar chegarão “defasados” – termo usado por especialistas – ao mercado de trabalho e, assim, terão uma renda menor. Ou nem serão aceitos.

Além disso, esses “bastidores” da pesquisa sobre emprego e desemprego – onde menos pessoas estão em busca de um – preocupam porque o principal motivo dessa desistência do mercado de trabalho é, em todos os casos, o sustento de alguns pela renda dos que trabalham. E como as previsões são de inflação maior, salários subindo sem ganho real e enfraquecimento da economia, esses que estão parados precisarão trabalhar e aí não vai ter emprego para todo mundo porque a indústria – principal empregadora – não está contratando.

É preciso lembrar que a criação de novas vagas este ano caiu 30% entre janeiro e setembro, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). E quando as pessoas precisarem trabalhar esse dado vai pesar bastante. Afinal, sem vagas, não há emprego.

Com informações do portal G1.

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