“Joãozinho-Economista gostava de fazer contas, por isso não acreditava muito na história do Papai Noel. Alguma coisa estava errada!”

Joãozinho-Economista sempre gostou do Natal. Ver as ruas cheias de luz, todo mundo com o espírito de irmandade nessa época era o que mais lhe agradava. Todos viravam bonzinhos, até o João- Bullying deixava de incomodar os colegas da escola. Tudo porque ele sabia que, se não se comportasse bem, o Papai Noel não iria lhe trazer presentes.

Aliás, o Papai Noel era um ser emblemático para o Joãozinho-Economista.

Afinal, como uma pessoa somente no mundo poderia dar presentes para todos os meninos do planeta? Com que grana ele faria isso?

Pelo que ele havia ouvido, só o tio Triplo-X teria tanta grana assim para isso.

Joãozinho-Economista gostava de fazer contas, por isso não acreditava muito na história do Papai Noel. Alguma coisa estava errada!

Havia outras coisas que não estavam claras. Por exemplo, qual seria a motivação dos elfos em ajudar a fazer os brinquedos que o Papai Noel iria depois entregar num trenó de renas voadoras?

“Pera aí! Ainda tinha isso! Renas voadoras… como assim?”

A mãe do Joãozinho-Economista sempre dizia: “Filhinho, o negócio é acreditar. Se você não acreditar e não se comportar bem, não receberá presente nenhum”.

Joãozinho-Economista fazia de tudo para acreditar, mas a sua racionalidade não o deixava acreditar. Ele fazia contas e mais contas e elas nunca fechavam. Até que um certo dia decidiu conhecer da onde vinha o Papai Noel e como ele fazia para cumprir sua função de bom velhinho.

Sem contar para ninguém, numa noite de Natal, Joãozinho-Economista, esperou dar a meia-noite e escondendo-se detrás do sofá, aguardou o Papai Noel descer pela sua chaminé. Observou o velhinho gorducho depositar os presentes ao pé da árvore e, sem pensar duas vezes, enfiou-se dentro da sacola sem que ninguém percebesse.

Papai Noel achou estranho a sacola dele estar mais pesada, já que tinha acabado de tirar coisas de dentro dela, mas não ligou e tratou de ir embora pois ele tinha que trabalhar a noite toda entregando presentes.

O bom velhinho voltou a subir pela chaminé, com a sacola cheia. Dentro dela o nosso herói, Joãozinho-Economista, nem se atrevia a respirar alto para não ser descoberto.

Uma vez no teto da casa, Papai Noel colocou a sacola dentro do trenó e partiu para outras casas e a jornada durou a noite toda, com Joãozinho-Economista dentro da sacola de presentes.

Quando percebeu que só faltava um único pacote, Joãozinho-Economista, rapidamente saiu da sacola, antes que o velhinho percebesse e se escondeu na parte traseira do trenó, cobriu-se por uma manta e dormiu até chegar ao Polo Norte, ao menos era o que ele pensava que iria acontecer.

Passaram-se muitas horas e Joãozinho-Economista acordou com muita dor nas costas de tanto dormir torto. Preocupado porque não estava preparado para o frio e neve, ele tentou saber o lugar onde o Papai Noel tinha deixado o trenó. Então desceu do veículo e foi explorar o lugar.

Para surpresa do menino, não estava frio, muito menos parecia estar nevando lá fora.

“Onde estou?” pensou.

Ele estava dentro de um galpão enorme cheio de máquinas e braços robotizados.

Nada de elfos nem anões ou fadas. Pelo contrário, o galpão era cheio de componentes tecnológicos, muito modernos.

Foi para uma janela mais próxima e, realmente, constatou que não estava nevando lá fora. Mas o que lhe impressionou foi ver que havia redes de proteção como nos circos. Aquela que os trapezistas utilizam para não se espatifar no chão.

Estranho, ele pensou, “será que têm crianças marotas que se jogam pela janela?”, ele pensou.

Cheio de curiosidade ele continuou a explorar o lugar e viu que no local não havia nada de clima natalino, nem guirlandas, nem luzes coloridas, muito menos musiquinhas de Natal.

Só máquinas, robôs e esteiras elétricas. O cheiro do lugar não lembrava, nem de longe, o cheiro das renas: era ruim.  Mesmo.

Andando mais pelo lugar, Joãozinho-Economista, chegou até um lugar onde parecia que havia gente dormindo.

Seriam os elfos e duendes? Talvez as fadas?

O coração do pequeno garoto começou a palpitar com mais força. Até que  enfim, poderia ver quem eram os que trabalhavam naquele lugar fazendo brinquedos.

A porta estava aberta. Sem fazer barulho, Joãozinho-Economista adentrou no lugar. Era um espaço enorme, cheio de beliches de três andares onde dormiam pessoas que não eram os elfos. A maioria era muito jovem. Eles não vestiam roupas verdes muito menos tinham orelhas grandes.

Joãozinho-Economista não acreditava no que estava vendo e começou a contar as camas. Ao todo, dormiam, nesse exato momento, 545 pessoas, já que 5 camas estavam vazias. O barulho do ronco era alto. Ele não quis acordar ninguém e rapidamente saiu de lá.

Enquanto ele saia viu que uma câmera infravermelha o observava de longe. Ele ia à esquerda ou direita e o objeto também se mexia.

“Fui pego”, ele pensou. E começou a correr. Correr pelo enorme galpão, tropeçando por vários obstáculos até cair no chão.

Nesse momento, um alarme começou a fazer um barulho ensurdecedor.

“Estou perdido”, ele sussurrou!

Rapidamente apareceram uns guardas. Todos vestidos de uniformes cinza escuro.

“Mas pera aí” ele pensou! Eles, em nenhum momento apareceram na história do Papai Noel. Pelo contrário. A maioria parecia que havia saído de um filme de kung-fu.

Por quê?

Porque todos tinham olhos puxados.

Na realidade, Joãozinho não estava no Polo Norte,

ELE ESTAVA NA CHINA!

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