A Economia Brasileira e os Bons Ventos Pós-Crise.
O Brasil resistiu bem à crise global, mas está pagando um preço relativamente alto em termos de crescimento econômico em 2009. O PIB desacelerou de uma expansão robusta de 5,1%, em 2008 (e 5,6%, em 2007), para o crescimento nulo, ou mesmo negativo, previsto para este ano por grande parte dos analistas. A queda do indicador do PIB trimestral dessazonalizado em 3,6% e 0,8%, respectivamente, no último trimestre de 2008 e no primeiro de 2009, na comparação com os trimestres imediatamente anteriores, sem dúvida dificulta a obtenção de um resultado positivo para este ano. Há sinais, porém, de que o pior momento ficou para trás. No segundo trimestre, já há consenso de que a economia voltou a crescer. Uma projeção simples do PIB de abril a junho, que toma como ponto de partida o desempenho da indústria de transformação, indica um crescimento de cerca de 0,7%. Se isto ocorrer, a economia teria de se expandir a um ritmo médio de 2,7% em cada um dos dois últimos trimestres de 2009, na medida dessazonalizada, para que o PIB não caia no ano. Este não é, evidentemente, um cenário provável, o que indica que haverá queda do PIB em 2009.
Mais do que o resultado de 2009, porém, o que importa avaliar agora é o vigor da recuperação já iniciada. A crise mundial afetou o Brasil de forma muito peculiar, em que os impactos se concentraram, sob a ótica da oferta, na indústria, e, da demanda, na exportação e nos investimentos. A boa notícia é que o setor serviços manteve um ritmo até certo ponto surpreendente, acima do esperado. Em termos dessazonalizados, os serviços tiveram uma ligeira queda de 0,4% no último trimestre de 2008, e cresceram 0,8% nos três primeiros meses de 2009. Este desempenho compara-se a quedas de, respectivamente, 1% e 0,5%, no caso da agropecuária, e de 8,2% e 3,1%, na indústria. A força da recuperação da economia brasileira depende, portanto, tanto da perspectiva da retomada da demanda externa, que tem forte impacto na indústria, quanto na continuidade da resistência demonstrada pelo consumo interno.
FGV – Fundação Getulio Vargas
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