Milton Pignatari*

A Copa vai dar lucro ou não?
“Quanto ao turismo, espera-se em torno de 600 mil turistas, o que poderia representar um aumento de aproximadamente 500 milhões de reais nos gastos para este ano.”

Ao falarmos de um tema tão amplo, que já gerou e ainda gera tanta polêmica, é interessante pensar nos segmentos, mais diretamente, envolvidos.

Com relação aos estádios construídos nas 12 sedes, não podemos nos iludir. Alguns certamente se tornarão obsoletos, já que essas praças sequer têm times na 2a. divisão. O legado então, será uma despesa de anos e anos para 4 ou 5 dias de festa.

Quanto ao turismo, espera-se em torno de 600 mil turistas, o que poderia representar um aumento de aproximadamente 500 milhões de reais nos gastos para este ano. Mais uma vez, a exemplo dos estádios, uma rede hoteleira, que também teve de ser ampliada, corre o risco de ficar ociosa após a copa.

Tivemos uma aceleração em obras, tanto de mobilidade quanto de infraestrutura, mas muitas delas não terminaram e nem terminarão para o evento. Não podemos esquecer que estamos em um ano eleitoral, e sem dúvidas, esses dois meses e meio entre a final da copa e as eleições podem ter um efeito importante para os candidatos.

Sabemos que muitas obras foram feitas para que o “em torno” dos estádios também pudesse oferecer uma acessibilidade, mas em vários casos, o planejamento ficou muito centrado nas proximidades e se esqueceu, que em cidades como São Paulo, os acessos também são importantes, pois a chegada ao estádio deve fluir com segurança e o máximo de eficiência.

Estamos vendo protestos contra a copa, mas nessa altura, não há nada a ser feito. Isso deveria ter ocorrido em 2007, quando o então Presidente Lula mobilizou um verdadeiro exército para sermos a sede escolhida.

Cancelar a copa, além do prejuízo que já vai ocorrer por uma série de fatores, ainda não traria alguns milhões de dólares para o país que os turistas irão proporcionar.

O que podemos ter certeza, é que o país nunca mais será o mesmo depois da copa. Até porque, mesmo sabendo que daqui a dois anos temos as Olimpíadas no Rio, o evento será regional, e não terá a magnitude e amplitude da copa, que podemos dizer, mobilizará grande parte do país.

Nos resta, agora, esperar para contabilizar os ganhos e perdas que virão, se tentar pelo menos uma vez, ter a capacidade de aproveitar o legado do que foi bom e ter a humildade para admitir o erro e corrigir aquilo que não deu certo. E nada melhor que uma frase de nosso saudoso Joelmir Betting para traduzir o nosso momento “copa do mundo”: “Em economia, é fácil explicar o passado. Mais fácil ainda é predizer o futuro. Difícil é entender o presente”

* Milton Pignatari é professor de economia – mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Bacharel em Economia pela Fundação Armando Álvares Penteado. Especialização em Economia de Empresas.

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