Por causa de Libra, cresce pressão da Petrobras para alta da gasolina
A necessidade de reajuste no preço dos combustíveis pela Petrobras está cada vez mais urgente. A estatal já vinha sentindo a necessidade de rever os valores da gasolina e do diesel por conta da defasagem no caixa, causado pela importação a um valor mais alto do que a comercialização interna. Agora, com a obrigatoriedade do pagamento de R$ 6 bilhões no ato da assinatura do contrato para a exploração do campo de Libra, a pressão pelo aumento do preço nas bombas está maior.
Mas essa iniciativa depende de decisão política do governo, que está postergando o reajuste para entender o comportamento da inflação neste ano e evitar que os índices inflacionários saiam do controle e ultrapassem o objetivo do Planalto, que é deixar a inflação abaixo do registrado em 2012.
Algumas autoridades defendem que os valores só sejam alterados no início do ano que vem, mas isso obrigaria a Petrobras a fazer manobras para cumprir com os seus compromissos em relação à Libra.
Ao total, no ato da assinatura do contrato entre o consórcio vencedor (formado por Petrobras, Shell, Total, CNOOC e CNPC) e governo, deverão ser pagos R$ 15 bilhões à União, divididos entre as empresas de acordo com a participação de cada uma no negócio.
Sem um incremento no caixa, a saída da Petrobras é pagar apenas parte dos R$ 6 bilhões correspondentes à sua parte e negociar com as demais empresas envolvidas no projeto um rateio da diferença. O pagamento a elas, então, seria feito com barris de petróleo, já no ano que vem. Esse procedimento, dizem especialistas, é comum no setor.
O caixa da Petrobras vem gerando desconfiança na imprensa especializada e no mercado internacional, que temem pela subordinação da estatal às decisões políticas do governo brasileiro. O pagamento à vista de R$ 6 bilhões poderia causar danos aos investimentos da empresa, principalmente porque nos próximos anos serão necessários recursos para investir em projetos e pesquisas. Agências de rating já sinalizaram ao mercado que a nota de crédito da Petrobras pode ser reduzida nos próximos meses.
O jornal inglês Financial Times disse nesta semana, antes do leilão de Libra, que a companhia brasileira era uma “bomba relógio” e previu uma possibilidade de quebra da empresa, caso essa tendência de subsidiar o preço dos combustíveis não seja revertida.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também é presidente do conselho de administração da Petrobras, “os reajustes dos combustíveis virão quando forem considerados necessários” e que “neste momento, não há nada definido”. Ainda assim, tanto Mantega quando o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, apesar de afirmarem que a companhia tem “dezenas de bilhões” em caixa, não descartam a possibilidade de tomada de empréstimos para honrar com os compromissos da companhia.
Com informações do Estado de S. Paulo.
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